Já fez LIKE no TVI Notícias?

Urânio: ex-trabalhadores em <i>manif</i> no Parlamento

Relacionados

Reivindicam benefícios na idade de reforma e indemnizações por terem estado expostos à radioactividade

Cerca de uma centena de ex-trabalhadores da ENU, empresa estatal que explorava as minas da Urgeiriça, manifestaram-se esta sexta-feira em frente ao Parlamento reivindicando benefícios na idade de reforma e indemnizações por terem estado expostos à radioactividade, noticia a agência Lusa.

A manifestação foi convocada para o mesmo dia em que se discutem na Assembleia da República projectos de lei do Bloco de Esquerda, PCP e PSD que poderão responder a estas reivindicações e trouxe a Lisboa 130 ex-trabalhadores e familiares que se distribuíram entre as galerias - para assistir à votação - e a rua, concentrando-se frente à fachada do edifício.

PUB

Paris: manif contra o aborto reuniu milhares

Manif de paquistaneses em Lisboa

Segundo José Luís Cardoso, da Comissão de Trabalhadores da extinta Empresa Nacional de Urânio (ENU), em Canas de Senhorim, Nelas, onde trabalhou 24 anos, o que está em causa são indemnizações às viúvas e a equiparação aos mineiros.

«Trabalhámos todos na mesma empresa do Estado e estivemos sujeitos a uma grande carga de radioactividade. Reivindicamos os mesmos direitos que foram atribuídos aos nossos colegas. As minas de urânio emitem radiações, não distinguem os que estão dentro e os que estão fora», explicou.

Os ex-trabalhadores querem alargar a todos o decreto-lei 28/2005, que dá benefícios na idade da reforma, e indemnizar os familiares dos cerca de 100 colegas que alegadamente morreram com doenças cancerígenas, por terem estado expostos à radioactividade.

PUB

As razões da contestação

Na altura, foram abrangidos apenas 42 funcionários, pois os restantes já tinham rescindido com a empresa e o decreto-lei apenas se aplicava aos que mantinham vínculo profissional com a empresa na altura em que foi extinta.

Foi o caso de José dos Santos Coelho, que trabalhou nas oficinas de tratamento químico da ENU durante 25 anos, tendo saído em 1993.

«Deram-me uma indemnização de 1.500 contos e eu fui para tribunal», declarou.

Problemas de saúde

O antigo funcionário contou que foi sujeito a várias intervenções cirúrgicas em resultado de um acidente que sofreu.

«Um dia a tubaria rebentou e fui atingido com ácido sulfúrico. Estive um ano internado, porque tiveram de fazer vários enxertos, e depois mandaram-me de volta para o mesmo serviço», relatou à Agência Lusa.

«Quem trabalhava na ENU estava sujeito a um desgaste rápido. Muitos sofrem de doenças oncológicas», acrescentou José Luís Cardoso.

«Todos fomos expostos. Igualdade de direitos«, «A morte não tem preço» e «Onde está a vossa responsabilidade? Cumpram, assumam», eram algumas das frases mostradas em cartazes pretos empunhados pelos manifestantes.

PUB

O representante dos trabalhadores mostrou-se optimista quanto ao desfecho da votação desta sexta-feira.

«Acredito que os nossos políticos são sensíveis ao problema. Por isso, viemos à casa da democracia pedir que resolva esta injustiça».

Com os projectos de lei dos três partidos e a garantia de apoio do CDS/PP, os ex-trabalhadores mantêm a expectativa em relação ao voto do grupo parlamentar do PS, com o qual não conseguiram reunir-se.

O projecto de lei do PCP é o mais abrangente, propondo que o Estado garanta o acompanhamento médico periódico e gratuito aos trabalhadores e aos seus descendentes directos, o pagamento de indemnizações por doença profissional e o alargamento do decreto-lei nº 25/2005 para que todos que sejam equiparados a trabalhadores de fundo de mina para efeitos de antecipação da idade da reforma.

As propostas do BE e do PSD apenas se referem a esta última reivindicação.

PUB

Relacionados

Últimas