Casa Pia: «Parecia protecção a Cruz» - TVI

Casa Pia: «Parecia protecção a Cruz»

Inspectora Rosa Mota explicou as pressões sofridas na PJ

A Inspectora da Polícia Judiciária, Rosa Mota, responsável pela investigação ao processo Casa Pia referiu esta quinta-feira, durante a 186ª sessão do julgamento, que «parecia haver uma atitude protectora com Carlos cruz»

Perante estas declarações, a defesa do ex-apresentador pediu à inspectora que concretizasse as pressões que tinha sofrido e Rosa Mota acrescentou que em toda a sua carreira «nunca um director lhe disse que ia deter bem ou mal» uma determinada pessoa. A testemunha referia-se ao sub-director da polícia judiciária de Lisboa, à época dos factos, Artur Pereira.

«Queria saber sempre que uma testemunha referia o nome de Carlos Cruz» pedindo mesmo para ler os seus depoimentos. Após ler comentava «isto não está bem» ou «isto não pode ser». E quando não lhe eram mostrados os relatos «massacrava», explica a inspectora, até os ter.

A título de exemplo, Rosa Mota, contou que quando pediu a vigilância para os arguidos do processo, diligência que precisava da autorização de Artur Pereira, «ao fim de dois dias nada tinha sido feito em relação a Carlos Cruz. Enquanto ao embaixador Jorge Ritto foi imediato». A inspectora explicou ainda ao tribunal, que teve de insistir «uma segunda vez» para que a diligência fosse efectuada.

A defesa de Carlos Cruz questionou de forma algo dura a inspectora, fazendo comentários, que levaram a juíza a intervir. A dada altura, Rosa Mota foi questionada sobre a sua experiência a nível de abusos sexuais de menores, antes de chefiar a equipa da PJ, ou sobre os cursos de especialização que tinha frequentado.

Ricardo Sá Férnandes, que defende o ex-apresentador, chegou mesmo a admitir, perante a juíza Ana Peres, ter «dúvidas sobre as capacidades» da inspectora para dirigir a investigação e sobre se os procedimentos que ela e a sua equipa tinham efectuado eram, ou não, «correctos».

A defesa tentou ainda obter explicações quanto à ausência de telefonemas «entre arguidos» e entre «arguidos e vítimas», o motivo das suspeitas de que Carlos Cruz ia fugir, bem como o reconhecimento da casa de Elvas por um dos jovens, entre outros.

A inspectora não terminou o seu depoimento e sexta-feira vai regressar ao Tribunal Militar, em Santa Clara.

Quatro folhas misteriosas

Durante a sessão foram ainda suscitadas dúvidas quanto à existência de quatro folhas, num determinado volume do processo, que o Ministério Público garantiu não constarem dos «documentos originais». Existem dois processos originais: um encontra-se no gabinete do Procurador-geral da República e o outro no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP). O Tribunal pediu o envio do referido volume, mas apenas foi aberto o documento oriundo do DIAP, onde se verificou «não existirem» as referidas folhas. Se o mesmo acontecer no outro «original» é provável que seja aberta uma investigação.

Envelope 9: defesa de Cruz conferiu chamadas

Logo no início da sessão desta quinta-feira, Ricardo Sá Fernandes referiu ter consultado o «Envelope 9», após as suspeitas do crime de tráfico de influências suscitadas ontem pelo advogado de Silvino e garantiu que os dados apenas se referiam a chamadas entre 1998 a 2002.

Recorde-se que José Maria Martins referiu alegados telefonemas para um dos desembargadores que assinou o acórdão de «libertação» de Paulo Pedroso, da Presidência da República, no dia 8 de Outubro de 2003. Dia em que o ex-deputado socialista saiu do Estabelecimento Prisional de Lisboa.
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