Mais de 67 mil fugiram da nova onda de violência terrorista em Cabo Delgado - TVI

Mais de 67 mil fugiram da nova onda de violência terrorista em Cabo Delgado

  • Agência Lusa
  • PF
  • 27 fev, 15:54
Cabo Delgado (Paulo Julião/Lusa)

Os deslocados fugiram para outros pontos da província de Cabo Delgado e para o distrito de Eráti, na província de Nampula, encontrando-se em centros de acomodação ou em casa de familiares

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O Governo moçambicano disse esta terça-feira que 67.321 pessoas fugiram dos ataques armados das últimas semanas na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, avançando que algumas “populações” já estão a regressar aos seus pontos de origem.

“Nesta altura, nós falamos de cerca de 67.321 deslocados, o que corresponde a 14.217 famílias”, afirmou Filimão Suaze, porta-voz do Conselho de Ministros, falando em conferência de imprensa, no final da sessão semanal do órgão.

Os deslocados fugiram para outros pontos da província de Cabo Delgado e para o distrito de Eráti, na província de Nampula, encontrando-se em centros de acomodação ou em casa de familiares, declarou Suaze.

As autoridades estão a empreender esforços para “melhorar as condições de alojamento” dos deslocados, prosseguiu.

“Mas também se assiste a um movimento de retorno de algumas populações para os locais de origem, à medida que se vão dissipando” as causas que levaram à fuga, acrescentou o porta-voz do Conselho de Ministros.

Questionado se o Governo abordou a possibilidade de imposição de um estado de emergência em Cabo Delgado, Filimão Suaze respondeu que esse cenário “não se coloca”.

Segundo estimativa divulgada esta terça-feira pela Organização Internacional das Migrações (OIM), com dados até domingo, a nova vaga de ataques terroristas em Cabo Delgado provocou 58.116 deslocados em pouco mais de duas semanas.

Em causa, de acordo com um boletim semanal daquela agência intergovernamental, estão ataques ocorridos entre 08 e 25 de fevereiro sobretudo nos distritos de Chiùre e Macomia, respetivamente com 54.534 e 2.626 deslocados naquele período, mas sobretudo crianças (35.295).

“Os ataques e o receio de ataques por parte de grupos armados”, descreve a OIM, verificou-se sobretudo em Ocua, Mazeze e Chiùre-Velho, no distrito de Chiùre, com os deslocados a fugirem para a vila de Chiùre (15.354) ou para Erati, na vizinha província de Nampula (33.218).

Os registos da OIM apontam para 11.901 famílias deslocadas, por barco, autocarro ou a pé, em pouco mais de duas semanas de fevereiro no sul da província de Cabo Delgado.

No mesmo boletim, a OIM refere que entre 22 de dezembro de 2023 e 25 de fevereiro de 2024, “ataques esporádicos e medo de ataques de grupos armados” em Macomia, Chiure, Mecufi, Mocímboa da Praia e Muidumbe já levaram à fuga de 15.470 famílias, num total de 71.681 pessoas.

Vários ataques terroristas no sul de Cabo Delgado provocaram mortos entre a população nas últimas duas semanas em aldeias do distrito de Chiùre, levando à fuga de pelo menos 13.000 pessoas só para a vila de Chiùre, concentrados em campos de reassentamento instalados em três escolas, mas também em casas de familiares, segundo fonte da autarquia local.

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou nas últimas semanas vários ataques e vítimas mortais, sobretudo no sul da província de Cabo Delgado, após um período de vários meses de acalmia.

A província enfrenta há seis anos alguns ataques reivindicados pelo EI, o que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos do gás.

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