Malparado cai pela primeira vez ao fim de um ano - TVI

Malparado cai pela primeira vez ao fim de um ano

Bancos estão mais cautelosos e emprestam menos dinheiro, a particulares e empresas

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O malparado caiu no último mês de 2010, pela primeira vez num ano. De acordo com dados do Banco de Portugal (BdP), o malparado entre particulares caiu dos 4.297 milhões de euros registados em Novembro para os 3.986 milhões em Dezembro. Mas se os dados parecem optimistas, a verdade é que esta não é uma boa notícia.

Mesmo assim, o valor do crédito de cobrança duvidosa continua bem acima do valor a que estava um ano antes, no final de 2009, quando se situava nos 3.661 milhões.

Segundo o Boletim Estatístico, divulgado esta segunda-feira pelo banco central, o malparado caiu em todos os destinos de financiamento: habitação, consumo e outras finalidades. No crédito à habitação o malparado passou de 1.982 para 1.932 milhões, uma descida de apenas 50 milhões. Um ano antes, o valor era de 1.870 milhões.

No que toca ao crédito ao consumo, a cobrança duvidosa abrange agora 1.237 milhões de euros, menos 79 milhões que em Novembro, mas mais 205 milhões do que em Dezembro de 2009.

Também no crédito para outros fins é visível o recuo da cobrança duvidosa, que passou de 998 milhões em Novembro para 816 milhões em Dezembro. Mesmo assim, está 58 milhões acima do homólogo.

No que toca ao crédito concedido, também se nota que os bancos meteram travão a fundo: o valor total emprestado a particulares em Dezembro era de apenas mais cinco milhões face a Novembro, tendo passado de 141.257 para 141.262 milhões. Em comparação com Dezembro de 2009, no final do ano passado estavam emprestados mais 3.295 milhões.

Os bancos tinham emprestado, em Dezembro último, 113.642 milhões para compra de casas, mais 160 milhões que em Novembro, o único segmento em que se registou um aumento. Emprestaram também 15.498 milhões para financiar o consumo, menos 39 milhões que no mês precedente, e ainda 12.122 milhões destinados a outros fins, uma queda mensal de 194 milhões.

Mas foi nas empresas que se notou a maior evolução: o malparado recuou de 6.162 milhões de euros em Novembro para 4.702 milhões em Dezembro, ficando assim apenas 106 milhões acima do homólogo de 2009. O valor dos empréstimos às empresas também mostra um sector financeiro mais cauteloso: em Dezembro estavam emprestados 116.720 milhões, menos 2.126 milhões que em Novembro e menos 1.087 milhões do que no fim de 2009.

Somando todo o sector privado (empresas e particulares), o malparado encolheu 1,7 mil milhões de euros, para 8,69 mil milhões. A cobrança duvidosa caiu 7,24% entre os particulares e mais de 20% entre as empresas.

Os dados parecem optimistas mas, de acordo com o presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Recuperação de Crédito (APERC), esta não é uma boa notícia.
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