E&Y: Zona Euro em risco de nova recessão - TVI

E&Y: Zona Euro em risco de nova recessão

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BCE deve cortar juros para 1%

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A Ernst & Young acredita que a Zona Euro enfrenta o risco de uma nova recessão. A região «está novamente sob a ameaça de uma onda de receio relativamente à dívida soberana», existindo a possibilidade de contágio a outros países além dos já resgatados, «o que pode conduzir a nova recessão», lê-se nas previsões de Outono da consultora.

A empresa espera um «crescimento anémico» de 1,1% na economia da Zona Euro em 2012 e a perspectiva para este ano foi revista em baixa, de um crescimento de 2% para 1,6%.

O estudo da consultora «estima agora em 35% a possibilidade de a Zona Euro voltar a entrar em recessão, caso não se tomem medidas urgentes».

Incumprimento grego é inevitável

A consultora dá o incumprimento de Atenas como «inevitável» e considera que os governos da zona euro «necessitam ter um plano que certifique uma gestão de forma ordenada. Isso envolve a recapitalização dos bancos nos países núcleo da zona euro, que irão enfrentar dificuldades, dada a perda de activos gregos. Também o sector bancário grego requer uma recapitalização, que o governo grego não pode avançar no momento. É necessária ajuda financeira internacional».

Maior coesão e união orçamental no euro é essencial

Para a Ernst & Young, é necessário «um compromisso para uma maior união fiscal, sobretudo por parte dos Estados-membros mais fortes de modo a evitar um crescendo da crise».

No longo prazo, as medidas já acordadas pela Zona Euro são um passo na direcção certa para o reforço da coesão, mas demorarão tempo a implementar e ficam aquém do previsto. A consultora mostra-se desiludida no que toca às Eurobonds e ao aumento do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, que «resultaram numa resistência política significativa».

«É necessário um compromisso firme e inequívoco por parte dos países centrais, com vista a uma maior união fiscal. Muitos países resistirão a uma implícita perda de soberania, mas sem a capacidade de monitorizar, controlar os gastos do governo e financiar a zona euro não pode haver garantia de que a estabilidade fiscal seja mantida após a resolução dos graves problemas existentes».

Zona Euro com crescimento anémico

Com perspectivas de fraco crescimento mesmo nos países core (o PIB deverá crescer cerca de 2% a partir de 2011-2015 face aos 1,2% esperados para os periféricos, incluindo a economia portuguesa) é provável que alguns planos de investimento sejam adiados. «Os consumidores deverão ser cautelosos, pois os rendimentos poderão ser atingidos por medidas fiscais e desemprego, que deverá permanecer perto dos 10% em toda a Zona Euro, por algum tempo».

As exportações deverão ser o principal motor de crescimento, contribuindo com cerca de 2 a 3 pontos percentuais para o crescimento global do PIB em 2011 e 2012. O sector indústria é aquele que actualmente beneficia de forte procura, em particular por parte dos mercados emergentes. Mas, muito deste crescimento deve-se apenas à recuperação das perdas verificadas durante a recessão e está a abrandar.

BCE deve considerar corte nas taxas de juro

«Foi um erro do BCE aumentar as taxas de juro em Abril e Julho, pelo que deverá agora avançar para um agressivo corte nas taxas de juros, de modo a incentivar o crescimento na região», defende a E&Y.

«Congratulamo-nos com esta mudança e recomendamos que o BCE baixe as taxas de juros para menos de 1%, caso contrário poderemos voltar à recessão na zona euro», conclui a responsável pelo relatório, para a Europa.
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