Sócrates: Golden share «é para ser utilizada quando tiver de ser»

O primeiro-ministro, José Sócrates, reiterou hoje que a «golden share» do Estado na PT «está lá para ser utilizada quando deve», afirmando que o «interesse estratégico» para o país é que esta empresa tenha «dimensão e escala».

Veja aqui as declarações de Sócrates sobre a PT/Vivo à saída do debate (vídeo)

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«O que eu disse no Brasil foi apenas o seguinte a propósito da PT e vou repetir: Há um interesse estratégico, há, esse interesse estratégico para o nosso país é ter uma PT com dimensão e com escala, porque a dimensão e a escala são fundamentais para a investigação e desenvolvimento, para a inovação e para o projecto industrial, é isso que interessa a Portugal. Não disse que ia utilizar a golden share, só disse que ela está lá para ser utilizada quando tiver de ser», disse o chefe do Governo, citado pela Lusa.

As palavras de José Sócrates foram proferidas durante o debate quinzenal na Assembleia da República, depois de ter sido confrontado pelo líder do BE, Francisco Louçã, com as suas palavras durante a viagem ao Brasil e questionado sobre se o Estado irá utilizar ou não a «golden share» a propósito das relações económicas entre a PT e a Telefónica.

«No Brasil garantiu que o Estado português tinha a possibilidade, e tem, de utilizar a golden share neste conflito, mas acrescentou que o faria porque para nós a PT é uma empresa estratégica se for grande e estiver presente em vários continentes. Eu queria que usasse esta oportunidade para manter ou corrigir a sua afirmação, porque a preocupação de defender os interesses prioritários do país tem de estar assegurada», interrogou Louçã.

O coordenador do BE defendeu como prioritário ter «um sistema de telecomunicações que proteja a capacidade de decisão em Portugal» e que «não pode ser alegada uma golden share que não seja usada ou cuja utilização dependa de decisões de assembleias de accionistas».

Telefónica veio a Lisboa falar 10 minutos com BES (vídeo)

Recorde-se que o Conselho de Administração da PT considerou na terça-feira, após uma reunião de emergência, que a nova oferta da Telefónica pela participação da PT na Vivo - 6,5 mil milhões de euros - «não reflecte o valor estratégico deste activo para a Telefónica», mas decidiu discuti-la directamente com a empresa espanhola e solicitar a convocação de uma assembleia de geral para que os seus accionistas se pronunciem sobre o negócio.

A PT e a Telefónica detêm a 50 por cento cada um a holding Brasilcel que controla 60 por cento da operadora móvel brasileira Vivo.