Zona Euro tem de optar entre «mudar ou morrer» - TVI

Zona Euro tem de optar entre «mudar ou morrer»

Ministros das Finanças da Zona Euro aprovaram em Bruxelas plano de ajuda à Grécia no valor de 110 mil milhões de euros

Colunista do Financial Times alerta para a experiência falhada da moeda única, por culpa de uma união política que não se verificou. Grécia foi apenas a primeira bomba a detonar

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Ou caminhamos todos no mesmo barco e arranjamos uma solução política credível para garantir a sobrevivência do Euro ou a ruptura pode ser inevitável. O aviso é do colunista Wolfang Munchau do «Financial Times» que coloca o fantasma que ensombra a economia europeia sobre dois eixos, ou melhor, sobre as duas faces da mesma moeda: «integração» ou «desintegração».

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O abismo financeiro que caracteriza a economia grega obrigou a uma decisão sem precedentes no núcleo europeu. E se o espaço ocupado por aquele colunista podia «ter sido um obituário» o plano de 110 mil milhões de euros para o resgate financeiro da Grécia veio dar lugar a alguma satisfação: a «resposta positiva» dos responsáveis da União Europeia dá-lhes «crédito».

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Mas, mesmo assim, e «apesar da vontade em aceitar uma austeridade extrema, a Grécia não vai em frente sem algum perdão da dívida. Posso entender porque é que o Fundo Monetário Internacional e a União Europeia não querem abrir essa caixa de Pandora neste momento», afirmou o colunista.

Pese embora a decisão de resgatar a Grécia «fora dos mercados de capitais nos próximos três anos» impeça «a ruína imediata», tem «apenas um impacto marginal sobre a solvência do futuro do país. O pressuposto subjacente ao acordo é que a Grécia pode [continuar com as medidas de] austeridade para além do horizonte de tempo do acordo, sem cair num buraco negro».

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E para se manter em cima do muro, «a reestruturação da dívida» afigura-se como inevitável, porque «a dívida da Grécia em relação ao Produto Interno Bruto vai aumentar dos seus 125% actuais para cerca de 140-150% durante o período de adaptação». Sem ela, assegura Wolfang Munchau, «a Grécia vai acabar austera, complacente e aleijada».

Porque se a Grécia cair, mais próximo do fundo do poço fica também o euro, o colunista aponta três alicerces para a sobrevivência da Zona Euro: «um sistema de resolução de crises, uma melhor coordenação das políticas fiscais, e políticas para reduzir os desequilíbrios intra-zona euro».

Ou seja, o «mínimo» exigido para os próximos anos. Isto com uma «quase certeza de que a Zona Euro vai precisar tanto de um união embrionária fiscal como de um único vínculo europeu».

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A Grécia foi apenas a primeira bomba a detonar. Agora é preciso ultrapassar aquilo que Wolfang Munchau considera ter sido uma «experiência de uma união monetária sem uma união política». Uma experiência que «falhou» redondamente os seus propósitos e debilitou a moeda única. Quem não escapou às críticas foi Angela Merkel «e os conselheiros económicos que a rodeiam e que não fazem a menor ideia de como funcionam as crises de dívida soberana».

O recuo de liquidez para os países que estão no centro das atenções dos mercados internacionais pode estar entre os 500 mil milhões e os mil milhões de euros, segundo este colunista. Wolfang Munchau fala «da Grécia, Portugal, Espanha, Irlanda e, possivelmente, Itália».

Nem o plano já aprovado de 110 mil milhões de euros de ajuda a Atenas parece atenuar o receio de contágio grego. As outras economias europeias e o euro estão entre a espada e a parede.
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