Depois dos recorrentes alertas do CDC, um caso de Vibrio vulnificus. Laura comeu peixe malpassado e acabou sem pernas e braços - TVI

Depois dos recorrentes alertas do CDC, um caso de Vibrio vulnificus. Laura comeu peixe malpassado e acabou sem pernas e braços

  • CNN Portugal
  • NM, com Jen Christensen
  • 19 set 2023, 10:11
Laura Barajas (fonte: GoFundMe)

Comprou tilápia num mercado local de São José e acabou por desenvolver a infeção bacteriana. “Uma em cada cinco pessoas com esta infeção morre - por vezes, um ou dois dias depois de ficarem doentes”, de acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA

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Laura Barajas vive em San José, nos Estados Unidos, tem 40 anos e viu os braços e as pernas serem-lhe amputados depois de ter contraído uma infeção bacteriana muito provavelmente provocada por peixe malpassado.

Esta mãe de quatro filhos terá comprado tilápia num mercado local em São José, no estado norte-americano da Califórnia, em julho, e, depois de comer a iguaria, quase imediatamente começou a sentir-se doente. Acabou por ser diagnosticada com Vibrio vulnificus, uma bactéria que vive em ambientes marítimos, que muitas vezes se torna uma preocupação após cheias por ser conhecida por “devorar carne”. O relato é feito por uma amiga da vítima que criou uma angariação de fundos na GoFundMe, Anna Messina.

Ao canal de televisão californiano KRON-4, Messina explicou o sucedido com maior detalhe: “Quase perdeu a vida. Está ligada a um respirador. Colocaram-na num coma medicamente induzido. Os dedos ficaram pretos, os pés ficaram pretos, o lábio inferior ficou preto. Teve uma septicemia completa - uma infeção generalizada - e os rins começaram a falhar”.

Laura Barajas sofreu uma infeção por Vibrio vulnificus (fonte: GoFundMe)

Laura Barajas acabou por ficar um mês internada até “que todos os seus membros tiveram de ser amputados de modo a salvarem-lhe a vida”, como se pode ler na página da angariação de fundos.

Em agosto, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) emitiu um alerta para a Vibrio vulnificus. No comunicado podia ler-se: “Uma em cada cinco pessoas com esta infeção morre, por vezes, um ou dois dias depois de ficarem doentes”.

De onde vem a Vibrio vulnificus ?

A Vibrio vulnificus vive naturalmente em água quente, salgada ou salobra. É da mesma família das bactérias que provocam a cólera.

A Vibrio pode ser encontrada nas águas de todo o mundo. Nos EUA, vive no Golfo do México e ao longo de algumas das águas costeiras das costas leste e oeste. A bactéria prolifera nos meses mais quentes, quando as temperaturas do oceano atingem o seu valor máximo.

As infeções podem acontecer quando alguém entra em contacto com água com uma grande quantidade das bactérias ou quando come marisco contaminado.

Infeções devido a alimentos contaminados

A maioria das infeções por Vibrio nos EUA não são causadas por uma ferida infetada, mas sim pelo consumo de marisco cru ou mal cozinhado, como as ostras, particularmente nos meses de verão.

A bactéria pode viver na barriga dos peixes, ostras e outros mariscos. As pessoas podem consumir a bactéria ou serem expostas a ela quando preparam marisco cru.

A infeção por Vibrio vulnificus é a principal causa de morte relacionada com o consumo de marisco nos Estados Unidos. A maioria destes casos envolve septicemia primária, ou a presença de bactérias na corrente sanguínea.

Como se trata a infeção por Vibrio?

No caso das infeções de pele, o médico irá primeiro recolher amostras da área infetada, para aferir se é a Vibrio vulnificus que está a causar o problema.

Quaisquer abcessos serão lancetados e procede-se ao tratamento do local infetado, que por vezes passa por cobrir a ferida com um antibiótico tópico e um protetor da pele, além de outros antibióticos. Se houver fascite necrosante, poderá ser necessário recorrer à cirurgia ou até amputar o membro afetado para evitar que a infeção se espalhe.

Os médicos dizem que é importante procurar tratamento rapidamente. Os estudos mostram que as pessoas que procuram cuidados médicos assim que detetam a infeção reagem melhor ao tratamento e as suas infeções são menos suscetíveis de serem fatais.

No entanto, esta bactéria em particular desenvolveu alguma resistência antimicrobiana. Os estudos mostram que cerca de 50% das infeções por Vibrio vulnificus já não reagem a certos antibióticos.

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