Cuba muito céptica em relação a mudanças nos EUA

O presidente do Parlamento cubano, Ricardo Alarcón, considerou na terça-feira «muito interessante» o discurso de investidura do Presidente Barack Obama mas mostrou-se céptico quanto a uma mudança de política dos Estados Unidos.

«Foi muito interessante», disse Alarcón numa conferência na Universidade de Havana, onde se encontrava a Presidente da Argentina, Cristina Kirchner. «É um grande orador, estava bem feito e foi bem dito. É preciso lê-lo com interesse.»

Quanto a saber se Barack Obama poderá responder às enormes expectativas suscitadas pela sua chegada ao poder, Alarcón comentou: «Isso continua a ser, para mim, um grande ponto de interrogação.»

Tratou-se da primeira reacção de uma responsável cubano à investidura de Obama, o qual já se manifestou favorável a um desanuviamento em relação à ilha que sofre um embargo comercial e financeiro norte-americano desde 1962.

No início deste mês, o Presidente cubano, Raul Castro, mostrou-se favorável a um diálogo «sem intermediários, de igual para igual» com Barack Obama, o que, a acontecer, sê-lo-á pela primeira vez em 50 anos entre presidentes em exercício dos dois países.

Raul, à semelhança do irmão Fidel, tem afirmado que Obama por si só não poderá modificar todo o sistema norte-americano. Obama, por seu turno, afirmou a sua disponibilidade de dialogar com Cuba se se verificarem progressos significativos em matéria de direitos e liberdades naquele país.

Dissidentes cubanos indicam que existem 207 presos políticos em Cuba, enquanto as autoridades cubanas os consideram de delito comum por estarem alegadamente implicados em tentativas ou práticas de crimes violentos.