Cuba: Raúl avança com reformas

O novo presidente de Cuba, general Raúl Castro, anunciou esta domingo que vai avançar com uma reestruturação da Administração Pública, nas primeiras declarações após a eleição, em que saudou efusivamente o presidente e as forças armadas da Venezuela, escreve a Lusa.

«Hoje requer-se uma estrutura mais compacta e funcional, com menor número de organismos de Administração Central do Estado e uma melhor distribuição das funções que cumprem», afirmou Raúl Castro, no discurso que proferiu logo após a sua eleição.

Com uma redução dos organismos do Estado, afirmou, citado pela agência EFE, será possível «uma gestão mais eficiente do governo», e «reduzir a enorme quantidade de reuniões, coordenações, autorizações, conciliações, disposições, circulares, etc.».

«Nas próximas semanas, começaremos a levantar as mais simples (restrições)», à actitividade económica, tendo em vista «evitar novas desigualdades, num momento de penúria generalizada», referiu ainda sem adiantar pormenores.

Cuba já tem novo presidente

«Somos todos filhos de Fidel»

Raúl Castro, de 76 anos, sucedeu hoje oficalmente ao irmão Fidel, presidente cubano há quase meio século que abdicou devido a problemas de saúde.

Após a eleição, Raúl anunciou que a composição do governo será submetida à Assembleia «numa futura sessão ao longo do ano corrente».

O seu governo, afirmou, terá presente a prioridade de «satisfazer as necessidades básicas da população, tanto materiais como espirituais, partindo do fortalecimento do crescimento sustentável da economia».

Potencial de mudança

O gabinete da secretária de Estado norte-americana Condoleezza Rice emitiu esta tarde uma nota em que apelava ao regime cubano para lançar «um processo de transição democrática pacífica».

Em reacção, perante o Parlamento, Raùl Castro veio considerar de «injuriosas» e intervencionistas estas declarações.

Na primeira reacção oficial após a eleição de Castro, Tom Shannon, responsável do Departamento de Estado norte-americano para a América Latina, afirmou que existe «um potencial de mudança» em Cuba. Contudo, adiantou o mesmo responsável à AFP, «a mudança tem de vir do interior» do regime cubano.

Chávez felicitou Raúl

Hugo Chávez, presidente venezuelano, foi o primeiro chefe de Estado estrangeiro a felicitar o «camarada» Raúl Castro.

«Raúl esteve sempre presente, ele guardava silêncio, praticamente sempre invisível e portanto trabalhava como o mais fiel à revolução, ao povo cubano e fiel até à medula ao seu irmão Fidel Castro», afirmou em directo Chávez no programa radiofónico «Alô Presidente».

«O camarada [Raúl] é mais que o irmão de Fidel, seu companheiro inseparável desde os dias do assalto [militar] da Moncada, da Sierra Maestra, o [navio] Granma, a prisão e a revolução triunfante de Janeiro de 1959», adiantou o presidente venezuelano.

«Fidel, tu continuas a ser "o comandante" Fidel. Viva Raúl, viva Fidel, viva Cuba», exultou.

Ao telefone com Fidel e Raúl

Após a eleição, Raúl esteve, na companhia do irmão Fidel, ao telefone com Chávez, e, mais tarde o novo líder cubano foi entrevistado em directo pela rádio e televisão venezuelanas.

Raúl aceitou o convite de Chávez para «em breve» visitar a Venezuela e dirigiu «uma saudação às gloriosas forças armadas venezuelanas, a guarda nacional do Exército bolivariano».

Em reacção à eleição de Raúl, os dirigentes da comunidade cubana exilada na cidade norte-americana de Miami já se declararam «decepcionados».

«Raúl Castro governa Cuba ao lado de Fidel Castro há 49 anos, ou seja não veremos nada de novo, apenas a continuidade do regime», disse Janisset Rivero, da organização Directório Democrático Cubano, citada pela agência AFP.