Brasileiros imigram para Portugal «iludidos»

O lançamento do livro «Imigração Brasileira em Portugal - Identidade e Perspectivas» de Benalva da Silva Vitorio, teve lugar esta quinta-feira, na Casa América Latina, Lisboa, no âmbito do primeiro ciclo de debates da Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros (APEB).

Após uma breve introdução do presidente da assembleia de fundação da APEB-Lisboa, Aldo Venâncio, a também professora da Universidade Católica de Santos (Brasil) «quebrou o protocolo» e levantou-se para falar «olhos nos olhos» com a assistência.

Referiu que a chamada segunda vaga de imigrantes brasileiros (a partir de 1997) não tem conhecimento do país para onde vão. Há a «ilusão que as pessoas que saem do Brasil vão resolver os seus problemas económicos», uma vez que «alguém lhes disse que se deu bem em Portugal». Na sua opinião este é um «grande problema da imigração».

Baseando-se no jornal Público e no Jornal de Notícias, Benalva quis avaliar de que forma os meios de comunicação social portugueses tratam a questão da imigração brasileira. «A imprensa portuguesa trabalha com o estereótipo», uma vez que «não tem conhecimento da realidade brasileira». E acrescenta: «os media trabalham exclusivamente com fragmentos, não aprofundam as questões».

Em relação ao estereótipo, deu o exemplo da imagem das mulheres brasileira em Portugal, como se fossem «meninas das casas de alterne», confessando que a própria televisão brasileira passou a imagem de um Brasil de «praia e mulheres semi-nuas».

Revela que não chegou a conclusões, mas que, por um lado, a escola «precisa de trabalhar o contexto dos países» ao nível da História e Geografia, e por outro, os meios de comunicação social têm de «contextualizar as informações» relativas aos países.