Suharto «foi pressionado a invadir Timor» - TVI

Suharto «foi pressionado a invadir Timor»

  • Portugal Diário
  • 27 jan 2008, 11:04
Suharto (foto de arquivo)

E até era contra. Terão sido os americanos a fazê-lo mudar de ideias

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O antigo Presidente indonésio, Suharto, foi pressionado a invadir Timor-Leste em 1975, afirma o embaixador da Indonésia em Portugal, Francisco Lopes da Cruz.

«Em 1975, quando os americanos (ex-Presidente Gerald) Ford e (o ex-secretário de Estado, Henry) Kissinger estiveram com ele e tomaram uma atitude sobre Timor, ele era contra», salientou Lopes da Cruz à Lusa, num comentário sobre o antigo chefe de Estado indonésio, que morreu hoje em Jacarta, em consequência de complicações cardíacas.

Suharto considerava que o fim do regime marcelista em Portugal, em 25 de Abril de 1974, «ditava uma nova fase nas relações entre Lisboa e Jacarta». Contudo, o «abandono do território (por parte de Portugal) e o risco de se espalhar o marxismo-leninismo na região levam-me a acreditar que foram pressões externas que levaram a Indonésia a entrar em Timor», disse Lopes da Cruz à Lusa, escusando-se, todavia, a dar mais detalhes sobre a posição do antigo chefe de Estado indonésio, que ao dar «luz verde» à invasão deu início a uma trágica ocupação de Timor-Leste ao longo de 24 anos.

«Dele recordo memórias positivas. As melhores memórias. Era uma pessoa muito calma, com quem aprendi muito», referiu.

Lopes da Cruz começou a trabalhar com Suharto e com os quatro presidentes que lhe sucederam, tendo sido conselheiro especial do ex-chefe de Estado para Timor-Leste, que mais tarde o nomearia embaixador itinerante e, entre 2000 e 2003, embaixador na Grécia.

«Creio que Suharto ficará na história, embora a imprensa mundial lhe chame ditador, mas confesso que dele guardo as melhores memórias. Falam dele como um ditador, mas um ditador resiste até ao último momento, e ele, quando viu que o movimento de reforma e a democracia eram imparáveis na Indonésia e poderia haver uma guerra civil, resignou», salientou.
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