Xanana lembra «lado bom e lado mau» de Suharto - TVI

Xanana lembra «lado bom e lado mau» de Suharto

  • Portugal Diário
  • 27 jan 2008, 10:26
Suharto, ex-presidente

«Recordo-o como um agente histórico», acrescentou ex-comandante da resistência timorense

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O primeiro-ministro de Timor-Leste, Xanana Gusmão, recorda, em declarações à lusa, «um lado bom e um lado mau na passagem pela História» do ex-Presidente Suharto da Indonésia.

O ex-comandante da resistência timorense recordou que o ex-ditador indonésio «foi o promotor do desenvolvimento de um grande país, de um país difícil». «Não foi fácil desenvolver um país assim, que é o quinto país mais populoso do mundo», acrescentou Xanana Gusmão. Por outro lado, «Suharto teve os seus lados fracos, sobretudo a violação dos direitos humanos, a ditadura e a corrupção», afirmou Xanana Gusmão à Lusa.

«Quando estive na prisão (de Cipinang, em Jacarta), eu costumava encontrar-me com jovens universitários indonésios e dizia-lhes que não podiam olhar apenas para o lado mau mas também para o lado bom para avaliar uma pessoa no fim da sua vida», sublinhou o ex-comandante da guerrilha timorense.

Xanana Gusmão, para quem Suharto «teve algum brilho em várias questões», coloca a ditadura indonésia no contexto da Guerra Fria. «O relatório da Comissão de Acolhimento, Verdade e Reconciliação (CAVR) não refere apenas a culpa da Indonésia mas também a culpa de toda a comunidade internacional», explicou.

Recorde-se que Xanana Gusmão nunca se encontrou com Suharto, que esteve no poder enre 1965 e 1998. «Em 2001, fui ao Palácio de Sândalo (em Jacarta), mas Suharto estava doente e encontrei-me com uma das filhas», contou Xanana Gusmão. «Eu transmiti à filha de Suharto que o importante para nós foi vencer a luta de libertação». «A filha dele pediu a reconciliação com o povo de Timor e para compreendermos o contexto de reforma que se estava a processar na Indonésia», contou Xanana Gusmão à Lusa.

«Quando eu ganhei as eleições presidenciais (em 2001), Suharto mandou saudações», recorda também o actual primeiro-ministro timorense. «Recordo-o como um agente histórico, um actor da História do Sudeste Asiático», disse ainda Xanana Gusmão à Lusa.
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