Morte de Suharto: «Até que enfim!» - TVI

Morte de Suharto: «Até que enfim!»

  • Portugal Diário
  • 27 jan 2008, 10:20
Suharto (foto de arquivo)

Ana Gomes diz que se trata de um «momento de libertação» nacional

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A eurodeputada socialista e ex-embaixadora de Portugal em Jacarta Ana Gomes disse à Agência Lusa que a morte do antigo ditador indonésio pode «encerrar um capítulo» da história do país e é um «momento de libertação» nacional.

«Até que enfim», foi a primeira reacção de Ana Gomes, em jeito de desabafo, para acrescentar, em declarações à Agência Lusa, que «vão ficar sequelas por muitos anos, tal como nós ainda temos sequelas do Salazarismo».

«Penso que a morte dele vai pôr o Estado indonésio em muito melhores condições para fazer justiça onde esta necessita de ser feita», disse também, lembrando «os que foram mortos e os que foram postos na prisão e que ainda hoje não viram compensação da parte do Estado».

«É um momento de libertação para todos os indonésios que sofreram a repressão de Suharto e para os que ainda hoje sofrem as consequências desse regime», nomeadamente com «práticas corruptas» que se mantêm até hoje, salientou.

«Quando cheguei à Indonésia, no dia 30 de Janeiro de 1999, ele já tinha caído do poder há uns meses», em Maio de 1998, após 32 anos no poder, tendo sido responsável pela invasão de Timor-Leste, em 1975. Aliás, recordou a diplomata, foi o afastamento do ditador que permitiu a abertura das relações diplomáticas com Portugal.

«Não me admiro que pessoas como o actual presidente (Susilo Bambang Yudhoyono), de quem eu gosto muito, um antigo militar e homem inteligente - foi dos primeiros a achar que Timor tinha que ter uma solução - procurem pôr numa perspectiva positiva a figura de Suharto para deixar para trás essa era», adiantou.

A ex-embaixadora de Portugal em Jacarta lembrou também que «não foram só os timorenses» que sofreram às mãos de Suharto: «Calcula-se que, nos anos 60, meio milhão de indonésios tenham sido exterminados».

Ana Gomes considerou que «este é um momento bom para a Indonésia», esperando que o país «olhe para a frente».
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