Cerca de 200.000 pessoas aplaudiram este sábado o Papa Bento XVI na Praça de S. Pedro, no Vaticano, ao meio-dia, por ocasião do Angelus.
Esta foi uma resposta a um apelo da Diocese de Roma em «desagravo» de Bento XVI, depois deste ter anulado a sua visita à Universidade La Sapienza, em virtude de uma contestação assinada por 67 professores e estudantes anti-clericais.
Segundo dados do Vaticano, a praça duplicou a sua capacidade, na hora da oração do Angelus.
«Livres para escutar», «Se o Papa não vai à Sapienza, a Sapienza vem ao Papa» e «Basta de intolerância anti-católica» eram algumas das frases que se liam nos cartazes que os fiéis empunhavam.
Cancelamento da visita à Universidade La Sapienza
Entre os que responderam ao apelo do vigário de Roma cardeal Camillo Ruin em «desagravo» do Sumo Pontífice, encontravam-se representantes de todas as forças políticas do Centro-Direita e também da ala católica do Partido Democrático, apesar de assegurarem que não se tratava de uma manifestação política e como tal não levaram qualquer bandeira dos seus partidos.
Entre estes, encontrava-se o ex-ministro da Justiça, Clemente Mastella, que se demitiu na semana passada por a mulher estar envolvida num processo de corrupção política, e o vice-primeiro-ministro e ministro da Cultura, Francesco Rutelli.
Em Milão (Norte), 10.000 pessoas, segundo a Polícia, seguiram a oração do Angelus num ecrã gigante colocado na praça da catedral.
«Obrigado a todos pela vossa presença. Avancemos num espírito de fraternidade e amor pela liberdade e a verdade num compromisso comum por uma sociedade fraterna e tolerante», disse o Papa.
«O clima que se criou tornou inoportuna a minha presença»
Referindo-se ao cancelamento, sem precedentes, da sua visita à La Sapienza, o chefe da Igreja Católica explicou: «O clima que se criou tornou inoportuna a minha presença».
Bento XVI, antigo professor de Teologia na Universidade, encorajou os universitários presentes «a serem sempre respeitosos das opiniões dos outros e a procurar, com um espírito livre e responsável, a verdade e o bem».
Grupo de professores consideraram «incongruente» visita do Papa
A contestação na La Sapienza, a maior universidade italiana com 130 mil estudantes, surgiu a partir de um grupo de professores do departamento de Física que considera «incongruente», em nome da laicidade, a decisão do reitor de convidar o Papa para a inauguração do ano académico.
Em seguida, vários grupos de estudantes organizaram uma «semana anti-clerical» criticando as posições do Papa sobre o aborto e a homossexualidade.
Classe política solidarizou-se com o Papa e condenou «intolerância»
Durante toda a semana, a classe política quase na sua totalidade solidarizou-se com o Papa e condenou «a intolerância» dos contestatários.
O Presidente da República Giorgio Napolitano, ex-comunista, enviou uma carta a Bento XVI onde exprimiu o seu «profundo pesar» pela anulação da vista.
O ministro das Universidades Fabio Mussi qualificou «o desfile de políticos» no Angelus como uma «instrumentalização».
200 mil aplaudem Papa Bento XVI
- Portugal Diário
- 20 jan 2008, 19:45
Praça S. Pedro duplicou de capacidade. «Se o Papa não vai à Sapienza, a Sapienza vem ao Papa»
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