Galamba diz que não fala com Pedro Nuno há quase um ano. Porquê? "Perguntem-lhe a ele" - TVI

Galamba diz que não fala com Pedro Nuno há quase um ano. Porquê? "Perguntem-lhe a ele"

Os dois últimos ministros das Infraestruturas afastaram-se, confirmou João Galamba, sem explicar porquê, mas deixando claro que ficou magoado com uma ausência de contacto a propósito da Operação Influencer

João Galamba está de relações cortadas com Pedro Nuno Santos, mas a culpa, garante, não é sua. Em entrevista à CNN Portugal, a primeira desde que foi constituído arguido na Operação Influencer, o que ditou a sua demissão poucos dias depois, o ex-ministro das Infraestruturas revelou que só falou uma vez com o atual secretário-geral do PS desde o fim da comissão de inquérito à TAP.

O governante não se sente um ativo tóxico, mas entendeu que não devia fazer parte das listas do PS para o Parlamento. Vai, em vez disso, abraçar um desafio na área da consultoria na área da Energia, que tutelou enquanto secretário de Estado do Ambiente e da Energia. Questionado diretamente sobre a relação com Pedro Nuno Santos, João Galamba disse que “a única relação” que os dois têm é um ser secretário-geral do partido onde o outro militar.

Mas não foi sempre assim. “Não tenho proximidade com o secretário-geral do PS neste momento. Já fomos mais próximos, digamos assim”, disse. E porquê? “Isso tem de lhe perguntar a ele”, respondeu.

De resto, João Galamba frisou que Pedro Nuno Santos nunca lhe disse nada nos últimos meses, nem mesmo no dia das buscas da Operação Influencer. Desde o “episódio da TAP”, que foi alvo de uma extensa Comissão Parlamentar de Inquérito em que ambos participaram, que os dois só falaram uma vez, “muito pouco tempo depois”. O mesmo dizer é que os dois não falam, sensivelmente, desde maio, há quase um ano, como o próprio confirmou.

“Se me pergunta se acharia normal ter tido algum sinal depois de a polícia me entrar em casa no dia 7 de novembro? Sim, e não tive. Porquê não sei, tem de lhe perguntar a ele”, reiterou, confirmando que não fala com Pedro Nuno Santos desde inícios de maio de 2023.

Já sobre a liderança de Pedro Nuno Santos, João Galamba não se alongou muito. “Foi o líder eleito” pelos militantes, refere, não se alargando para uma opinião, mas deixando uma nota clara: “Foi eleito por uma… não direi uma ampla maioria, mas uma maioria bastante sólida, e, portanto, é o secretário-geral em funções”.

A rutura, ao que tudo indica, deu-se ainda antes das investigações da Operação Influencer, precisamente pelo tal “episódio da TAP”. Só que esse tal episódio ajuda a explicar a cisão: no em maio de 2023, poucos meses depois de João Galamba assumir a pasta que até então era de Pedro Nuno Santos, houve uma grande confusão com Frederico Pinheiro, antigo adjunto do agora secretário-geral socialista que protagonizou uma cena de violência no ministério, envolvendo seguranças, assessoras, uma chefe de gabinete e até a polícia.

Sobre esse mesmo episódio que envolveu um roubo de um computador, uma bicicleta atirada a um vidro e o inusitado envolvimento do Serviço de Informação e Segurança (SIS), João Galamba continua a ver tudo da mesma forma, acreditando que esteve bem em apresentar a demissão, que acabou por não ser aceite pelo primeiro-ministro, António Costa, mesmo apesar da enorme pressão do Presidente da República, num caso que provocou mal-estar entre Belém e São Bento.

“Não teria feito nada diferente. A única coisa era, se pudesse, uns meses antes não teria mantido o adjunto [Frederico Pinheiro], contra o qual fiz queixa-crime por agressão e roubo”, sublinhou, admitindo que teve "pena" de abandonar o cargo tão cedo.

Já com António Costa é diferente. Ainda fala com o ex-primeiro-ministro, com quem até esteve num jantar recente que juntou várias figuras de governos socialistas.

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