Os 70 anos do «leãozinho» Caetano Veloso - TVI

Os 70 anos do «leãozinho» Caetano Veloso

Figura incontornável da cultura brasileira, o cantautor equiparado a Dylan e Lennon celebra esta terça-feira sete décadas de vida

Relacionados
Vanguardista, destemido e sem papas na língua. É assim que (re)conhecemos Caetano Veloso, figura incontornável da Música Popular Brasileira (MPB) e da cultura do país irmão. Foi ele um dos líderes do movimento Tropicalista no final dos anos 1960, altura em que enfrentou também a ditadura militar no Brasil com canções como «É Proibido Proibir».

No dia em que completa 70 anos, o músico, cantor, compositor, escritor, produtor e ator baiano continua tão relevante como atual. E também atualizado - as sete décadas de vida não o deixaram de fora da realidade dos dias de hoje e basta visitarmos o seu site oficial para rapidamente termos acesso à sua discografia completa, pronta para ser recordada ou adquirida no iTunes.

«Cavaleiro» e «Samba em Paz» foram as duas primeiras canções que Caetano lançou em formato single, em 1965. Aos 23 anos, o músico bebia inspiração da bossa nova e do samba, e já convivia com Gilberto Gil, Tom Zé, João Gilberto e, claro, com a irmã, Maria Bethânia.

Com Gal Costa, Caetano Veloso lançou o LP de estreia, «Domingo», em '67. E foi também nessa altura que começou a participar nos festivais da canção de MPB. Mas se «Alegria, Alegria» foi um sucesso instantâneo, «É Proibido Proibir», uma crítica direta à falta de liberdade no Brasil durante a ditadura militar, já foi recebida de outra forma: com assobios e vaias, sendo aliás desclassificada. «Vocês não estão entendendo nada», foi a frase que ficou dessa participação, em setembro de 1968, em São Paulo.

No final desse ano, Caetano e Gilberto Gil acabariam por ser presos pela polícia militar, acusados de desrespeitarem o hino e bandeira nacionais. O exílio em Londres não esmoreceu a influência do cantautor na cultura brasileira, ao mesmo tempo que o levou a incluir algumas canções escritas em inglês no primeiro disco que gravou fora do Brasil, «Caetano Veloso» (1970).

Os concertos em palcos europeus e até nos EUA, na década seguinte, começaram a mostrar a música de Caetano Veloso pelo mundo fora. E nas últimas décadas, as colaborações em palco e em estúdio passaram a acontecer também com músicos como David Byrne ou Beck.

Não será assim de estranhar que o disco que chegou esta semana às lojas, «Um Tributo a Caetano Veloso», conte com a participação, para além do próprio Beck, de Devendra Banhart, The Magic Numbers, Marcelo Camelo, Seu Jorge, Jorge Drexler, Os Mutantes e a portuguesa Ana Moura. Diferentes músicos de diferentes gerações, mas todos eles unidos por canções de Caetano, como «É de manhã», «Qualquer Coisa», «Janelas Abertas Nº2» ou «London London».

Escrevendo para si mesmo ou para outros cantores, o talento para criar canções já foi comparado ao de Bob Dylan ou John Lennon, e o «The New York Times» considerou Caetano Veloso «um dos maiores compositores do século XX». Os mais de 45 álbuns editados, os cinco Grammys Latinos e as inúmeras versões e regravações assinadas por outros artistas de «O Leãozinho», «Sozinho», «Você é Linda» ou «Sampa», são também importantes peças que completam o puzzle de uma carreira que, apesar de extensa, continua bem viva. Em 2011, passou por Portugal a digressão que juntou Caetano Veloso a Maria Gadú, e, já este ano, foi lançado o CD/DVD do espetáculo gravado com Gilberto Gil e Ivete Sangalo.

E poderemos continuar a contar também com as já célebres «caetanices». Em 2000, a propósito dos 500 anos do descobrimento do Brasil, o músico não se coibiu de afirmar que «o que Portugal veio fazer ao Brasil foi sugar, sugar, sugar e matar índios». E há três anos, descreveu o então presidente Lula da Silva como «analfabeto» e «cafona» (qualquer coisa como piroso). É assim mesmo Caetano Veloso, não deixando ninguém indiferente desde há 70 anos.
Continue a ler esta notícia

Relacionados

EM DESTAQUE