Michael Jackson ao médico: «Você sabe que eu sofro»

O áudio de um telefonema de Michael Jackson a Conrad Murray foi ouvido esta quarta-feira no Tribunal de Los Angeles, que está a julgar o médico por homicídio por negligência. O músico faleceu a 25 de Junho de 2009.

Nesta gravação, retirada do iPhone de Conrad Murray e datada de 10 de Maio, ouve-se a voz do músico a falar sobre a série de concertos «This is it», que se preparava para fazer em Londres, mas também sobre a construção de um hospital pediátrico e sobre o seu sofrimento. A voz de Michael Jackson está arrastada, pouco perceptível e indica, segundo a acusação, que estaria sob a influência de drogas - «Altamente sob influencia de agentes desconhecidos», considerou o causídico. No áudio, que foi transcrito em tribunal, ouve-se o cantor dizer que sofre pelas crianças e que sofre por sua causa também. «Você sabe que eu sofro», disse ao médico.

Excertos

«Elvis não o fez. Os Beatles não o fizeram. Temos de ser fenomenais», disse Jackson. «Quando as pessoas saírem do espectáculo, quando saírem quero que digam ¿Nunca vi nada como isto em toda a minha vida. Vão. Vão. Nunca vi nada assim. Vão. É fabuloso. Ele é o maior entertainer do mundo¿. Vou levar aquele dinheiro, um milhão de crianças, um hospital para crianças, o maior do mundo, o Hospital para Crianças Michael Jackson. Vai ter cinema, sala de jogos».

Uma parte deste áudio ainda não tinha sido divulgado enfatiza a sua preocupação com as crianças e com o facto de não ter tido uma infância feliz.

«As crianças estão deprimidas. As [crianças] naqueles hospitas, sem sala de jogos, sem cinema. Estão doentes porque estão deprimidas. As suas cabeças estão a deprimi-las. Quero dar-lhes isso. Preocupo-me com elas, os anjos. Deus que que o faça. Vou fazê-lo, Conrad».

Em resposta, ouve-se uma voz do médico Conrad Murray a dizer: «Sei que o fará».

«Não tenho esperança suficiente, não mais esperança», disse Jackson. «Essa é a próxima geração que vai salvar o nosso planeta, a começar por... Bem, falaremos depois sobre isso. Estados Unidos, Europa, Praga, os meus bebés.Caminham pelo mundo sem mãe. Elas despejam-nos, vão embora... uma degradação psicológica disso. Eles chegam junto de mim: "Por favor leve-me consigo"».

No final, Jackson disse que iria fazer o hospital «por eles» e que este iria ser mais lembrado por isso do que pelas suas actuações. «As minhas actuações estarão aí a ajudar as minhas crianças e serão sempre o meu sonho. Amo-as. Amo-as porque não tive uma infância. Não tive infância. Sinto a sua dor. Sinto o seu sofrimento. Consigo lidar com isso. "Heal the World","We Are the World","Will You Be There","The Lost Children". Estas são músicas que escrevi porque sofro, você sabe que eu sofro».

No final, Michael Jackson disse ao médico: «Estou a dormir» e o irmão Jermaine, que ouvia a voz na sala de audiências, não conseguiu evitar as lágrimas.