«Preencher o buraco negro no PS» - TVI

«Preencher o buraco negro no PS»

  • Portugal Diário
  • 9 fev 2008, 19:12
Manuel Alegre - Foto de Inácio Rosa para Lusa [Arquivo]

Manuel Alegre recusa eleições internas no PS e garante que só vai às urnas «no país». Deputado acha que «o povo português está triste» e que há ausência de debate no partido: «tudo começa e acaba no Governo». É preciso «construir uma alternativa» ao «pensamento único» PS: esse debate é bem-vindo»

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O deputado do PS Manuel Alegre avisou este sábado que se for desafiado para disputar eleições internas no PS responderá que só vai às urnas «no país», acrescentando que esses desafios são «perigosos» para o PS, escreve a Lusa. Defendeu ainda que a corrente de opinião socialista que formará pretende preencher «o buraco negro» no PS.

«Se me desafiam para combates dessa natureza eu respondo: vou às urnas mas no país. Mas evitem essa situação para bem do PS porque eu penso que há outras maneiras de resolver as coisas, há maneiras de reformar o partido e de refrescar a nossa democracia», disse.

«A nossa aposta é num movimento de opinião pública que se reflicta dentro do partido. Agora, só até onde isso for possível. Também disse aqui com clareza, não me desafiem para coisas que é perigoso desafiarem-me», afirmou.

Alegre quer formar corrente de opinião no PS

http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?div_id=291&id=913091Alegre não se revê «neste PS»

Rejeitando estar disponível para «eleições de secretariado e para congressos», Alegre lembrou que as presidenciais de 2005, em que ficou em segundo lugar com mais de um milhão de votos, à frente do candidato do PS, Mário Soares.

«Fomos lá uma vez e eles perderam. São perigosas para eles, não são para mim. Eu não vou porque não sou um aventureiro político. E faço parte do PS há muito mais tempo do que muitas das pessoas que neste momento estão à frente do PS», acrescentou.

»O buraco negro no PS»

O deputado do PS disse este sábado que a corrente de opinião socialista que formará pretende preencher «o buraco negro» no PS, partido onde falta debate e «que começa e acaba no Governo».

«Há uma grande crítica em relação ao funcionamento do Partido Socialista. Não há debate suficiente, tudo está muito governamentalizado, tudo começa e acaba no Governo», afirmou.

Alegre falava aos jornalistas no intervalo de uma reunião com cerca de 170 militantes do PS que o apoiaram na candidatura presidencial de 2005, para formar uma corrente de opinião interna.

«Há um buraco negro na esquerda, na democracia e no próprio partido. Nós somos socialistas, temos uma responsabilidade e devemos contribuir para preencher esse buraco através da formação de uma corrente de opinião socialista», disse.

«Simples militantes»

Na reunião deste sábado, que começou com um almoço num hotel em Lisboa, participaram representantes de todos os distritos do país, alguns «simples militantes», outros «fundadores do PS», como o tarrafalista Edmundo Pedro.

«Desigualdade no país»

Sobre a situação social do país, Manuel Alegre afirmou «que há muitas críticas na área da Educação, no Serviço Nacional de Saúde, na Justiça, na desertificação» mas sobretudo «uma grande preocupação com as desigualdades existentes» no país.

«A diferença entre os sacrifícios que são exigidos aos portugueses e aquilo que, como disse o Presidente da República, alguns gestores se atribuem a si mesmos, quer com vencimentos mensais, quer com indemnizações. Isso choca os portugueses», afirmou.

Admitindo que «é muito difícil que os partidos se regenerem por dentro», disse estar disposto a ir até «onde for possível».

«Eu estou convencido que é possível, mas tudo tem um limite. Só a história o dirá, se é possível ou não», disse.

A corrente de opinião irá «em cada distrito», por «tomadas de posição públicas» e através de debates, «construir uma alternativa» ao «pensamento único», disse.

«Vamos discutindo ideias, alargando o nosso espaço de influência, chamando muita gente que está descrente e está triste. O povo português está triste. Esta corrente não se deixará aprisionar pela lógica aparelhística e não construirá um aparelho com os vícios semelhantes», aos do aparelho do PS, acrescentou.
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