25 de Abril: PSD até gosta de Zeca Afonso - TVI

25 de Abril: PSD até gosta de Zeca Afonso

Aguiar Branco - PSD

Já o CDS-PP preferiu sublinhar o 25 de Novembro

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O deputado do PSD Aguiar-Branco fez um discurso contra o Estado reaccionário e pelo poder do povo, citando Lenine, Rosa Luxemburgo e Sérgio Godinho, provocando risos na sessão comemorativa do 25 de Abril.

Na assistência, e ao contrário da maioria da bancada social-democrata, o novo presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, exibia também um cravo vermelho na lapela, assim como o antigo presidente do partido Marcelo Rebelo de Sousa.

Aguiar-Branco defendeu que o cravo não é propriedade de nenhum partido, que a revolução de Abril foi feita para todos e lamentou que o «revanchismo" tivesse chegado à música, perguntando se não pode quem se senta na ala direita gostar de Zeca Afonso.

Escolhido para falar em nome do PSD na sessão solene, o ex-líder parlamentar subiu à tribuna de cravo vermelho ao peito e começou por citar a filósofa e economista marxista Rosa Luxemburgo: «Liberdade apenas para os membros do Governo e para os membros do partido não é liberdade de todo.»

«Quase cem anos volvidos, que frase tão actual, tão cheia de verdade», considerou.

Em seguida, o ex-ministro da Justiça sustentou que, 36 anos depois do 25 de Abril, a política portuguesa continua mergulhada «em preconceitos ideológicos», que se revelam nas palavras e atitudes.

«A ala esquerda desta Assembleia parece recear a afirmação do sentido de nação, a ala direita parece temer o sentido do uso do cravo vermelho», apontou, causando os primeiros risos e comentários no hemiciclo.

Citando depois o apelo «dai ao povo o poder de produzir», de Sérgio Godinho, o deputado do PSD defendeu que «este Estado, senhor Presidente da República, é reaccionário, profundamente reaccionário», porque se substitui à «iniciativa privada ou social».

A revisão constitucional defendida pela nova direcção do PSD «é uma oportunidade» para cumprir Abril, eliminando «velhos vícios de pensamento», considerou. «Vamos dar ao povo o poder de produzir, de escolher e de decidir», concluiu Aguiar-Branco.

CDS-PP lembra o 25 de Novembro

O deputado do CDS-PP José Manuel Rodrigues defendeu que, se a revolução de 1974 prometia democratizar, descolonizar, desenvolver, os novos «três dês» são «a dívida, o défice e o desemprego».

José Manuel Rodrigues saudou o 25 de Abril como «o dia que pôs fim a um regime autoritário», mas os aplausos da sua bancada ouviram-se quando enalteceu «outro 25, o 25 de Novembro», por «recolocar o processo político no seu desígnio original».

A revisão constitucional foi também defendida pelo deputado do CDS-PP, que prestou homenagem ao voto isolado do seu partido contra a Constituição de 1975.

«Uma boa Constituição não é um programa nem de esquerda, nem de direita. Deve ser, apenas e só, uma Lei Fundamental para todos e de uma só nação, factor de progresso e não de bloqueio», defendeu.
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