«Ninguém queria as escadas da sua casa pintadas» - TVI

«Ninguém queria as escadas da sua casa pintadas»

CDU defende que agiu dentro da lei com mensagens políticas pintadas em toda a extensão das escadarias monumentais, Associação Académica fala em vandalismo. Câmara de Coimbra não reage

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Última actualização às 19:01

Mesmo que esta noite a CDU encha por completo as escadarias monumentais esta noite no comício em Coimbra, dificilmente a multidão cobrirá a polémica que estalou com a pintura de diversas mensagens eleitorais no local. A Associação Académica fala em «vandalismo». Fonte da CDU considera que as pinturas foram feitas «dentro da lei» e que «não é a primeira fez que as escadas são pintadas». A Câmara de Coimbra, depois de ter prometido uma reacção para esta tarde, optou por não comentar o caso.

As opiniões podem dividir-se sobre a utilização do espaço secular, onde se lê, desde o fundo das escadas, em toda a sua extensão «Nem propinas, nem Bolonha, mais bolsas, leva a luta até ao voto, CDU PCP-PEV» e, do alto, muitas outras mensagens, que vão desde contra os estágios não remunerados aos salários de 450 euros dos operadores de call center. Mas grande parte das conversas dos estudantes que o subiam e desciam esta manhã parecia convergir para a indignação. Não tanto em relação ao conteúdo das mensagens como para a sua extensão.

«Acho que não tem a ver com o facto de ser a CDU ou outro partido. Acho que estas escadas são dos estudantes. Ninguém queria que as escadas da sua casa fossem pintadas», disse ao tvi24.pt Joana Santos, de Engenharia Biomédica, com a aprovação de duas colegas com quem se queixava do protesto.

«A faculdade é a nossa segunda casa e não é bonito chegarmos aqui e vermos isto assim como está», salientou. «Gostamos das nossas monumentais e isto não é bonito».

Contactado pelo tvi24.pt, o presidente da Associação Académica de Coimbra, Eduardo Melo, foi mais longe e considerou que este se tratou de um «acto de vandalismo» contra o património. Para já a associação não tomou qualquer posição oficial, mas é algo que não exclui.

Questionado sobre o facto da escadaria ter sido já utilizada em outras situações pelos estudantes para protestos semelhantes, Eduardo Melo salientou que em nenhuma das iniciativas a associação académica «danificou o espaço», embora admitia que tenha havido estudante que realizaram pinturas no local.

Se os estudantes não parecem ver qualquer expressão democrática nas pinturas. Nem toda a gente pensa assim. No fundo da escadaria, Alexandre Dias Pereira, professor da Faculdade de Direito, disse ao tvi24.pt que considera esta uma «manifestação interessante». «Penso que é uma forma pacífica de veicular uma informação», apontou, defendendo que se todo o património foi utilizado desta maneira «não seria mal utilizado».

O PCP também saiu em defesa do acto, salientando que não constituiu qualquer violação legal. «Não está dentro de uma limitação da lei», disseram assessores partidários ao tvi24.pt, admitindo que «poderá haver pessoas que gostem ou não».

Na rede social Facebook da CDU Coimbra há imagens da pintura da escadaria, mas os estudantes garantem que há também uma página em que se faz um apelo à limpeza do espaço.

Questionado sobre quem limpará o local, os assessores do PCP disseram «não fazer ideia» e que o «tempo se encarregará disso». «Se com os murais essa questão não se coloca por que é que se deveria colocar agora?», questionou um deles, considerando toda a polémica um fait-diver.

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