«Não serão [os privados] que irão lutar contra a pobreza» - TVI

«Não serão [os privados] que irão lutar contra a pobreza»

Sócrates e Mário Soares debatem desafios

Ex-presidente da República alerta PS de José Sócrates para prestar mais atenção à pobreza

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O ex-presidente da República, Mário Soares, lança sérios avisos ao Governo de José Sócrates, num artigo de opinião publicado esta terça-feira no jornal Diário de Notícias.

O socialista alerta para o facto da pobreza e desigualdades sociais estarem a agravar-se em Portugal, conforme regista o relatório da União Europeia (Eurostat) e o estudo coordenado pelo sociólogo Bruto da Costa, intitulado intitulado Um olhar para a pobreza em Portugal, divulgados há dias.

«Em Portugal, permito-me sugerir ao PS - e aos seus responsáveis - que têm de fazer uma reflexão profunda sobre as questões que hoje nos afligem mais: a pobreza; as desigualdades sociais; o descontentamento das classes médias; e as questões prioritárias, com elas relacionadas, como: a saúde, a educação, o desemprego, a previdência social, o trabalho. Essas são questões verdadeiramente prioritárias, sobre as quais importa actuar com políticas eficazes, urgentes e bem compreensíveis para as populações».

O ex-Presidente da República não se limita, contudo, a enumerar o que gostaria que os governantes do seu partido fizessem, como também dá uma data para o fazerem. «Ainda durante este ano crítico de 2008 e no seguinte, se não quiserem pôr em causa tudo o que fizeram, e bem, indiscutivelmente, para reduzir o deficit das contas públicas e tentar modernizar a sociedade».

Mário Soares deposita pouca fé na classe mais rica e no sector privado na resolução da pobreza e das desigualdades sociais: «Urge, igualmente, fortalecer o Estado, para os tempos que aí vêm, e não entregar a riqueza aos privados. Não serão, seguramente, eles que irão lutar, seriamente, contra a pobreza e reduzir drasticamente as desigualdades».

Nas palavras de Mário Soares, este é um tempo determinante, que não se pode adiar: «Já uma vez, nestes últimos anos, escrevi e agora repito: "Quem vos avisa vosso amigo é." Há que avançar rapidamente - e com acerto - na resolução destas questões essenciais, que tanto afectam a maioria dos portugueses. Se o não fizerem, o PCP e o Bloco de Esquerda - e os seus lideres - continuarão a subir nas sondagens. Inevitavelmente. É o voto de protesto, que tanta falta fará ao PS em tempo de eleições».
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