Sócrates recusa comentar acusações de Cavaco Silva - TVI

Sócrates recusa comentar acusações de Cavaco Silva

Antigo primeiro-ministro socialista foi acusado de «falta de lealdade institucional, que ficará registada na história da democracia» pelo Presidente da República

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José Sócrates informou a TVI que não vai comentar as palavras de Cavaco Silva.

O Presidente da República acusa o anterior primeiro-ministro de «falta de lealdade institucional, que ficará registada na história da democracia».

Cavaco Silva reconhece que não foi informado do último PEC, do Governo de Sócrates, e que só tomou conhecimento através do anúncio público que foi feito ao país.

É no prefácio de uma compilação de textos, a que chama «Roteiros VI», que o presidente faz um balanço sobre o primeiro ano do seu segundo mandato. No texto, revela sobretudo o ambiente de tensão que se viveu entre Belém e São Bento nos últimos tempos do Governo socialista.

«O anúncio do PEC IV apanhou-me de surpresa (...) tratou-se de uma falta de lealdade institucional que ficará registada na história da nossa democracia».

Cavaco Silva admite que não só não foi informado do último pacote de austeridade, como estava a receber informações de uma outra realidade.

«A informação que me era fornecida referia uma situação muito positiva relativamente à execução orçamental nos primeiros meses do ano».

O Presidente da República queixa-se de que os seus avisos não foram ouvidos a tempo de mudar de rumo e devido à falta de informação.



«O presidente foi impedido de exercer a sua magistratura de influência com vista a evitar o deflagrar de uma crise política».

Afirma ainda que o executivo seguia isolado na maior parte das ocasiões. «Era sempre com grande contrariedade, e só depois de muito pressionado que aceitava dialogar com os partidos da oposição (...)».

Cavaco Silva não tem dúvidas que, depois da demissão de José Sócrates, o «ambiente de pré-campanha eleitoral, certamente contribuiu para o atraso no pedido de auxílio financeiro», o que não defendeu o interesse nacional.

Aliás, Cavaco considera que foi «um aumento da falta de confiança recíproca entre o governo e a oposição» que conduziu ao único desfecho possível para a crise política de 2011, ou seja, eleições antecipadas.

As reações

No prefácio do livro «Roteiro VI», que serve de balanço ao primeiro ano do segundo mandato, Cavaco Silva criticou fortemente o Governo de José Sócrates, dizendo que «a falta de lealdade ficará na história».

As reações não demoraram a surgir, desde logo com alguns ex-governantes a dizerem que o Presidente da República «é o campeão da deslealdade», como é o caso de Pedro Silva Pereira.

José Lello foi ainda mais longe, dizendo que «se Cavaco não estiver bem que se trate» e Alegre acusou-o de «ajuste de contas» e «ataque pessoal».

Passos Coelho preferiu não comentar, por se encontrar fora do país, enquanto que o Bloco e o PCP apontaram baterias ao PS e ao PSD.
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