Alegre: venda de acções pode ter sido «favorecimento entre amigos» - TVI

Alegre: venda de acções pode ter sido «favorecimento entre amigos»

Alegre diz que se Oliveira Costa assinou o despacho, isso representará «gestão danosa»

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Manuel Alegre considerou esta quinta-feira que, se o ex-presidente do BPN Oliveira e Costa assinou um despacho de venda das acções de Cavaco Silva na Sociedade Lusa de Negócios (SLN), tal representará «favorecimento» entre amigos e «gestão danosa».

Segundo notícia avançada pela SIC e pelo Expresso, o antigo presidente da SLN e do BPN, José Oliveira Costa, assinou, pelo próprio punho, o despacho da venda das ações do atual Presidente da República, Cavaco Silva, na SLN, a 2,40 euros cada uma.

As acções foram compradas a um euro cada, o que na prática se traduziu numa mais valia superior a 140 por cento a favor de Cavaco Silva.

Em entrevista à RTP, o candidato presidencial apoiado pelo PS e Bloco de Esquerda considerou que, a ser verdade essa situação, «configura um contrato de recompra e uma situação de favor».



«Será em si mesmo um acto de gestão danosa e de favorecimento de amigos, porque aquela cotação não foi a do preço de mercado e também resta saber se outros accionistas tiveram o mesmo tratamento», declarou Manuel Alegre.

Manuel Alegre alegou depois que «é conhecida a proximidade política de Oliveira e Costa com Cavaco Silva, assim como o silêncio de Cavaco Silva perante o escândalo financeiro do BPN», e que o actual chefe de Estado «terá tido com as suas acções uma valorização de 140 por cento, o que não é normal».

«Se essas acções foram compradas por Oliveira Costa, isso será um acto muito complicado e grave. Trata-se de uma questão de escrutínio público e ele não pode deixar de responder, porque Cavaco Silva é recandidato a Presidente da República», apontou.

Nacionalização do BPN

Ainda em relação ao BPN, Alegre manifestou dúvidas sobre os resultados da opção do Governo em nacionalizar este banco.

«Acho que explicações devem ser dadas [Governo e administração actual do BPN] e, sobretudo, devemos saber como isto vai acabar, porque não podemos estar sempre a meter ali dinheiro», declarou o ex-dirigente socialista, antes de se interrogar se a nacionalização do BPN «foi mesmo a melhor solução».

«O BPN ou é vendido, ou é integrado definitivamente na CGD. Mas estamos perante uma falsa nacionalização, porque quem está a pagar isto somos nós», disse.

O caso BPP

Na entrevista, Alegre referiu-se também a outra polémica, mas esta que o envolve pessoalmente, referente a textos literários que foram depois usados para enquadrar publicidade ao Banco Privado Português (BPP).

Alegre referiu então que escreveu um texto literário, que foi utilizado para fins publicitários e que por essa razão pediu para que fosse retirado, o que aconteceu.

Em relação ao pagamento que recebeu, Alegre disse que emitiu um cheque para o devolver, no mesmo montante de 1500 euros, mas que agora desconhece se esse cheque foi ou não levantado.

«Se porventura o dinheiro não foi levantado, há aí qualquer coisa de estranho, mas assumo a responsabilidade. O facto de este caso surgir agora também é estranho. A minha leitura é que se trata de uma tentativa de responder a uma situação que envolve muitos milhões de euros com uma situação ridícula de 1500 euros por um texto literário que escrevi sem cometer qualquer ato ilegal ou imoral», disse.
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