Sistema financeiro português deve agradecer a Joe Berardo

O empresário Filipe de Botton, accionista de referência do BCP, considera que o sistema financeiro português deve agradecer a Joe Berardo pelas acções que conduziram às investigações em curso e à polémica sobre a actuação das autoridades reguladoras do sector, avança a «Lusa».

«Sem medo das consequências, Joe Berardo foi o único homem em Portugal que teve a persistência, além da coragem, para denunciar, com conteúdo, insistir e exigir que se investigue a fundo», afirmou o empresário.

Por isso, advoga o fundador da Logoplaste e accionista do BCP, o sistema financeiro português está em dívida com ele e «devia agradecer-lhe».

Botton é candidato ao Conselho Geral e de Supervisão do BCP (órgão de fiscalização da sociedade) e subscreve, juntamente com Berardo, Moniz da Maia, EDP, Sonangol e outros accionistas, a lista em que o candidato a presidente da Administração é Carlos Santos Ferreira, que considera a escolha certa.

Investigações têm de ir até ao fim

Filipe de Botton escusou-se a entrar em análises sobre as listas aos órgãos sociais do banco, referindo apenas que «terça-feira (da próxima semana) há uma Assembleia-geral e uma votação e esse voto é que decidirá».

Sobre as investigações em curso, defendeu que estas devem ir até ao fim «doa a quem doer», recordando que é isso, aliás, que Joe Berardo exige desde o início.

Também o ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, defendeu este domingo que as denúncias de «operações ilegais» e «eventuais ilícitos criminais» no Banco Comercial Português devem ser investigadas e os culpados punidos, «doa a quem doer».

Em entrevista telefónica ontem no Telejornal da «RTP», Cadilhe disse que a apresentação da sua lista «é um exercício do direito à indignação» face à «interferência política» que tem dominado o processo de escolha do novo Conselho de Administração Executivo do BCP.

Recorde-se que os accionistas do BCP reúnem-se a 15 de Janeiro em Assembleia-geral e há duas listas concorrentes à liderança do banco.

Carlos Santos Ferreira surgiu como candidato à liderança do maior banco privado português, com uma lista inicialmente apoiada pela maioria dos accionistas com participações relevantes, com uma lista formada por Armando Vara e Vítor Fernandes, que vêem como ele da Caixa Geral de Depósitos, e mais quatro elementos do BCP: Paulo Macedo, José João Guilherme, Nelson Machado e Luís Pereira Coutinho.

Miguel Cadilhe apresentou, posteriormente e depois de um pedido seu para alargamento do prazo dado, uma lista concorrente, integrada por Alexandre Bastos Gomes, actual administrador do BCP, Bagão Félix, ex-ministro, Rui Horta e Costa, ex-CFO da EDP, Carlos Alcobia e Meira Fernandes, ambos com experiência no sector financeiro.

As acções do BCP seguem a cair 1,47% para os 2,68 euros.