Crescimento económico no 2º trimestre limita expansão no resto do ano - TVI

Crescimento económico no 2º trimestre limita expansão no resto do ano

Dinheiro

O crescimento de 0,5% registado pela economia nacional no 2º trimestre deste ano, face aos primeiros três meses de 2005, deverá já roubar alguma da pujança à expansão do trimestre corrente.

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É que o crescimento foi impulsionado, em parte, pela retoma da procura interna, em que o consumo privado subiu 3%, devido às compras antecipadas realizadas no mês de Junho. A notícia de que a taxa de IVA iria subir de 19 para 21% em Julho levou muitos portugueses a optarem por comprar os chamados bens de consumo duradouro, como automóveis e electrodomésticos ainda durante o mês de Junho.

Para o 3º trimestre, por isso mesmo, «é de esperar uma correcção. As pessoas não compram carros e electrodomésticos de três em três meses. Se mais pessoas compraram em Junho, então menos comprarão neste trimestre», afirmou um economista, que preferiu não ser citado, à Agência Financeira.

Do mesmo modo, também a economista Paula Carvalho, do BPI, estima que, no 3º trimestre, a economia não manterá o bom ritmo registado no 2º. «Ficámos surpreendidos com a pujança do consumo privado, mas como se deveu à antecipação provocada pela subida do IVA, não deve ter continuação, a este ritmo», disse. O BPI estimava uma contracção económica trimestral de 0,1% e homóloga de 1%.

Paula Carvalho espera ainda o efeito negativo de outro factor no 3º trimestre: o preço do petróleo. É que foi «neste trimestre que o preço mais subiu, pelo que é de esperar já algum impacto nas contas nacionais». Para esta analista, existiram ainda outros factores que influenciaram o crescimento do 2º trimestre e que não deverão repetir-se no 3º: o efeito da alteração da base dos cálculos por parte do INE, e ainda o comportamento das importações, que foi melhor do que o que esperava. «Este comportamento das exportações (de desaceleração) pode dever-se talvez a um escoamento dos stocks, devendo vir a ser necessário no 3º trimestre repor esses stocks».

O outro economista contactado, alerta ainda para a «paragem de apreciação no euro face às principais divisas mundiais, nomeadamente o dólar, que poderá influenciar negativamente o comportamento da economia».

Saldo de 2005 ainda pode ser positivo

Mais optimista e menos surpreendido, está o economista João César das Neves. «Estes dados mostram que a nossa imagem não é aquela de que todos andam a falar. A situação difícil da economia tem sido muito empolada pela opinião pública, mas na verdade, a economia portuguesa não está em recessão, está a crescer», refere.

Prova disso mesmo, adianta, é a evolução menos negativa das exportações e também o aumento do consumo privado, que traduzem «confiança». Já o investimento, que registou uma aceleração da tendência de queda, terá sido «penalizado pelo pessimismo e pela perturbação política, que cria instabilidade, bem como pelo elevado preço do petróleo e pelo clima, que não é fácil».

Para o professor de Economia da Universidade Católica, «não há nenhuma razão para que a economia não continue a crescer no resto do ano, e o balanço do ano pode ser de crescimento, ainda que ligeiro».
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