Faltam mais de vinte mil enfermeiros nos hospitais nacionais

Os profissionais seriam necessários para garantirem as horas de cuidados de enfermagem necessárias por cada doente internado nos hospitais portugueses.

Maria Augusta Sousa, que intervinha numa sessão conjunta e inédita promovida pelas quatro Ordens profissionais da Saúde, em Lisboa, chamou também a atenção para a desigualdade no acesso aos cuidados de enfermagem no país, devido à má distribuição dos profissionais.

Aveiro, Viseu, Leiria e Guarda são alguns dos distritos enumerados pela bastonária como carentes em enfermeiros, face à média nacional.

Aos jornalistas, Maria Augusta Sousa explicitou que a média nacional de enfermeiros por 100 mil habitantes é de 3,7, enquanto a verificada no espaço da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) é de 8,2.

«O nosso país deveria ter à volta de 80 mil enfermeiros e temos 48 mil inscritos na Ordem», resumiu.

A bastonária explicou ainda que o número de mais de vinte mil enfermeiros em falta apontado pela Ordem baseia-se em dados do Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde (IGIFS), que definem o número de horas de cuidados de enfermagem necessários por grau de dependência dos doentes internados nos hospitais.

Comparando este valor com o número de enfermeiros que estão hoje nos hospitais, e tendo em conta apenas o seu horário de trabalho base, as 35 horas semanais, conclui-se que, para cumprir todas as horas determinadas pelo IGIFS, seriam necessários mais 21.104 profissionais.

Porém, a bastonária frisou que a carência de profissionais não implica que os cuidados não sejam prestados, mas sim que os enfermeiros são obrigados a praticar com muita frequência horários de trabalho mais prolongados.

A falta de profissionais na Saúde foi um dos temas debatidos na sessão conjunta das ordens dos Enfermeiros, Médicos, Farmacêuticos e Médicos-Dentistas, a primeira iniciativa do género organizada por estas entidades e que visou assinalar o Dia Mundial da Saúde.

A sessão de encerramento contou com a presença do ministro da Saúde