Em comunicado, a Guarda Civil espanhola refere que a rede envolvia empresas criadas na Madeira e usava uma filial do BES na ilha, tendo sido detectada no âmbito da operação Sueter, que envolveu equipas da Guarda Civil e do Gabinete Nacional de Investigação de Fraude (ONIF), da Agência Tributária espanhola.
Os agentes das duas estruturas realizaram quinta-feira cinco buscas em Madrid e seis em Barcelona, em dependências do BES, do BNP Paribas e do grupo segurador Cahispa.
«Foi desarticulada uma rede empresarial criada para ocultar a origem e a propriedade de grandes fundos de dinheiro depositados em entidades bancárias espanholas em contas de não residentes», refere o comunicado que a agência «Lusa» cita.
Dinheiro enviado para sociedades «trust» criadas na Madeira
No âmbito da operação foram bloqueadas contas num valor superior a 1.800 milhões de euros, refere a Guarda Civil, explicando que os fundos eram retirados de Espanha através de uma rede de contas cujos titulares eram sociedades «trust» criadas na Madeira e noutros países.
«Posteriormente, destes países os fundos eram presumivelmente enviados a outras entidades bancárias no estrangeiro para, finalmente, através do Luxemburgo, voltar a entrar em entidades bancárias em Espanha, mas no nome de sociedades não residentes», refere o comunicado.
«Algumas dessas sociedades não residentes foram criadas por uma filial do BES na Madeira. A estrutura particular destas sociedades impede normalmente que se conheça o verdadeiro dono já que à frente deles está um gestor ou testa-de-ferro, cuja localização é de extrema dificuldade», sublinha o comunicado.
Filial do BES no Funchal só apresentava contas às autoridades fiscais portuguesas
O comunicado refere que a sociedade filial do BES no Funchal «responsabilizava-se unicamente por apresentar contas perante as autoridades fiscais portuguesas».
Os fundos situados nas contas destas sociedades em Espanha estão vinculados ao grupo segurador Cahispa e vários dos seus funcionários seriam os responsáveis pela sua gestão, sublinha o comunicado.
«No caso do BES e do BNP, a prática de diligências que estão a ser levadas a cabo tem por objectivo averiguar a origem e canalização destes fundos por clientes destas entidades. Pretende-se igualmente averiguar se o banco, dentro ou fora de Espanha, poderia ter facilitado essas estruturas societárias», refere.
A evasão fiscal em causa estaria em curso pelo menos desde 2004 tendo sido detectada pela Agência Tributária depois de analisar documentação encontrada numa operação anterior.
Madeira envolvida na rede de fraude fiscal do BES em Espanha
- Redação
- SAS
- 3 nov 2006, 20:07
As buscas feitas quinta-feira nas sedes do BES e de outras entidades financeiras em Espanha permitiram desarticular uma rede empresarial de fraude fiscal num valor de mais de 1.800 milhões de euros.
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