Provável falhanço da OPA despenha BPI e impulsiona BCP

A grande pedra no sapato de Paulo Teixeira Pinto, o presidente do BCP, é o grupo espanhol La Caixa. Na altura em que a oferta foi lançada, em Março do ano passado, o La Caixa era já um dos principais accionistas do BPI, com 16% do capital, a par de grupos como o brasileiro Itaú ou a alemã Allianz. Mas desde que a OPA foi anunciada, o La Caixa tem feito questão de mostrar que tem uma palavra (e uma palavra decisiva) a dizer sobre o assunto: é contra a OPA e não vai poupar esforços para afastar o BCP do BPI.

O grupo espanhol tem reforçado a sua posição no capital do português e controla já 25%. Uma posição que deverá continuar a aumentar, já que o La Caixa pediu autorização para elevar a posição até aos 33% e o Banco de Portugal deu luz verde ao novo reforço.

La Caixa pode obter posição de veto no BPI

Nesta situação, o La Caixa está a um passo de assumir uma posição de veto na Assembleia-geral do BPI, o que pode estragar os planos do BCP. Razões suficientes para que analistas e investidores já não acreditem no sucesso da operação. O presidente do BPI, Fernando Ulrich, tem dito repetidamente que «a OPA está morta». E de tanto o repetir, está prestes a tornar-se realidade.

As acções do BPI estão em forte queda. O banco perde agora 2,52% em bolsa, para 6,2 euros por título, mas esteve já a descer mais de 3% e atingiu o valor mais baixo da sessão nos 6,15%.

Pelo contrário, o BCP está a ser impulsionado, e ganha 1,41% para 2,88 euros, mas esteve também já com ganhos maiores, tendo atingido os 2,89 euros. É que, se a OPA cair, o aumento de capital planeado pelo BCP para financiar a operação, deixa de ser necessário.

Analistas já não acreditam na operação

Os analistas confirmam o que os investidores estão já a prever. A CaixaBI diz num research emitido esta manhã que, «nos actuais termos da oferta, a probabilidade de sucesso da mesma é muitíssimo reduzida». E acrescenta que «o reforço da posição do La Caixa é um sinal muito claro de que este accionista não pretende alienar a sua participação ao BCP».

A Caixa BI admite ainda que a provável queda da operação deverá «pôr alguma pressão sobre o título BPI nas próximas sessões. No entanto, aguardam-se mais desenvolvimentos desta operação a qualquer momento».