Analistas apontam para uma quebra de 30% nos lucros do BCP - TVI

Analistas apontam para uma quebra de 30% nos lucros do BCP

BCP: Ministro nega interferências

Programa Millennium 2010 traçado por Paulo Teixeira Pinto pode ser anulado

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O resultado líquido do BCP deverá ter caído, pelo menos, 30 por cento no ano passado, face a 2006, penalizado por custos e provisões não recorrentes cujo montante pode ainda fazer deslizar mais o lucro, estimam os analistas contactados pela «Lusa».

A queda de 30%, para 555,3 milhões de euros de lucro, contra 780 milhões no exercício de 2006, é a média das estimativas dos cinco analistas, alguns dos quais procederam, recentemente, a revisões em baixa das estimativas feitas há um mês.

Os valores estimados situam-se entre os 514 milhões de euros, do Banesto, que há menos de um mês apontava para 571 milhões, e os 574 milhões de euros do Banif, o que significa, a confirmarem-se, que o BCP terá um resultado inferior ao do BES.

Isto, depois de alguns bancos terem revisto em baixa as estimativas feitas em meados de Janeiro e outros admitirem que podem estar a ser «optimistas».

«Admitimos que possa haver uma revisão em baixa das nossas estimativas», refere a JP Morgan na sua análise sobre o BCP.

«Existe um risco significativo de os resultados saírem abaixo do consenso», diz, por seu turno, o analista de banca da KBW, enquanto o Banif Investimento «não exclui» essa possibilidade.

Programa Millennium 2010 em causa

Estes números põem também definitivamente em causa os objectivos do plano do plano traçado até 2010, ainda pela administração presidida por Paulo Teixeira Pinto.

«Não acreditamos que o BCP consiga atingir as metas do plano de negócio, que era de obter em 2010 um lucro superior em 70% ao conseguido em 2006», afirma KBW.

«Só com a divulgação de resultados se saberá qual o valor total das provisões que a nova administração entendeu fazer», com o reflexo no resultado líquido, sublinhou um outro analista.

A incerteza do nível de provisões, que traduzirá a «prudência» da nova equipa de gestão, liderada por Carlos Santos Ferreira, face a «eventuais surpresas», é aliás referida também pelos analistas como determinante para saber se o banco vai precisar de um aumento de capital e em que montante.

Os analistas recordam, ainda, que «os resultados estão distorcidos pela inclusão, no quarto trimestre, das mais-valias com as vendas de EDP e Banco Sabadell», mas nem estas nem o lucro acima do previsto nas operações internacionais «salvam» o resultado líquido consolidado do BCP.

Mais-valias de vendas anuladas

As mais-valias com as vendas da participação no Sabadell (2%) e uma parte (1,6%) da participação na EDP-calculadas pelos analistas entre 254 e 290 milhões de euros-são anuladas por custos com reformas e outros relacionados com as saídas dos membros da anterior administração (9) e ainda o antigo presidente e fundador, Jorge Jardim Gonçalves.

«O valor (destes custos) é aproximadamente equivalente», como refere o analista do Banesto.

A surpresa, pela positiva, veio das operações nos mercados externos, cujos lucros deverão superar as estimativas dos analistas (121 milhões de euros) aproximando-se dos 150 milhões de euros.

O Millenium bank da Polónia já comunicou ao mercado que obteve 88,5 milhões de euros de lucro e o Millennium bank da Grécia 15,6 milhões de euros, e Moçambique deverá ultrapassar os 35 milhões de lucro obtidos em 2006, superando, mesmo, os 40 milhões de euros.

O BCP divulga os resultados no próximo dia 19 de Fevereiro, depois da nova administração, que só tomou posse a meio de Janeiro, ter adiado a sua apresentação, já que estavam previstos para 22 de Janeiro.
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