Apito: 700 euros em ouro todas as semanas - TVI

Apito: 700 euros em ouro todas as semanas

Ourives chegou a inscrever o nome dos árbitros nas pulseiras

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«Tinha ou não tinha consciência sobre as pessoas a quem se destinavam as peças em ouro?». À pergunta do advogado Francisco Coelho dos Santos, que representa o assistente Dragões Sandinenses, o ourives António Fernando Ribeiro, que vendeu o ouro ao Gondomar Sport Clube (GSC), respondeu: «Uma pessoa não é burra. Embora pensasse, não tinha nada de dizer».

Momentos antes, já António Ribeiro tinha referido que, em duas ocasiões, o então presidente do GSC, José Luís Oliveira, lhe pedira para fazer inscrições nas peças a dizer «lembrança ou recordação». «Destinavam-se aos jogos Benfica-Gondomar e Paços de Ferreira-Gondomar», ambos para a Taça de Portugal, da época 2002/03. O clube de Gondomar venceu o Benfica (0-1) e perdeu com o Paços de Ferreira pela mesma diferença. Nenhum destes jogos é referido na acusação.

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Aqui o juiz interveio para sugerir que o ouro não se destinaria necessariamente aos árbitros. A resposta da testemunha arrancou uma gargalhada da sala. «As pulseiras tinham o nome dos árbitros inscritos!!», disse António Ribeiro.

«Alguma vez lhe disseram para quem eram os objectos?»

«Alguma vez lhe disseram para quem eram estes objectos?», questionaram o procurador e o juiz, numa alusão às várias peças em ouro entregues ao presidente do GSC. Ao que a testemunha respondeu: «nunca tivemos uma conversa sobre isso». E acrescentou: «Limito-me a fazer o meu serviço».

Não obstante, admitiu que as entregas eram feitas ao sábado e ao domingo de manhã, e que chegou a levar o ouro «ao campo do Gondomar». Por regra José Luís Oliveira ia buscar as encomendas a sua casa, sendo que chegou a entregar-lhe os artefactos num café e num restaurante. Quando José Luís Oliveira não podia, as entregas eram feitas a Castro Neves, responsável pelo departamento de futebol do Gondomar.

Entregas tinham de perfazer 700 euros

António Fernando Ribeiro especificou ainda esta tarde, durante o julgamento do «Apito Dourado», que entregou «pulseiras, fios e cruzes» encomendados por José Luís Oliveira. Igualmente ouvido esta tarde, o ourives Mário Ribeiro confirmou ter feito os embrulhos - por regra, três sacos, mas por vezes eram quatro - que entregava ao responsável do GSC.

«O senhor José Luís Oliveira foi-me comprando artigos durante algum tempo», referiu António Ribeiro, sem conseguir precisar quando começou a relação comercial.

Confrontado com um relação de contas deve e haver, que o próprio entregou na PJ, em Janeiro de 2005, quando ali foi inquirido, a testemunha precisou que as entregas «tinham de chegar aos 700 euros», de cada vez, podendo a verba converter-se «em três fios, três cruzes, . . .».

Chegou a processar Oliveira por falta de pagamento

As ofertas documentadas totalizaram 12.800 euros, sendo que as entregas eram semanais. António Ribeiro confirmou ainda ter feito entregas de artigos em ouro para senhora.

Refira-se que as intercepções telefónicas registaram uma conversa em que José Luís Oliveira pedia objectos em ouro para senhora porque a mulher de um árbitro fazia anos.

A relação comercial terminou «quando a PJ foi a minha casa», na mesma altura em que Oliveira foi detido, precisou o ourives.

Questionado pelo procurador sobre a acção cível que moveu contra José Luís Oliveira por falta de pagamento de algumas peças, António Ribeiro precisou que acabou por desistir porque «na véspera de começar o julgamento», ficou a saber que a dívida já tinha sido paga.

O julgamento prossegue na segunda-feira com a audição de mais oito testemunhas.
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