«Três embrulhos» no balneário - TVI

«Três embrulhos» no balneário

Valentim Loureiro à entrada do Tribunal (Foto João Abreu Miranda/Lusa)

Apito Dourado: Ofertas a árbitros eram «mais do que uma prenda simbólica», revelaram em Tribunal os dois árbitros assistentes de jogos do Gondomar. «Nos outros campos normalmente oferecem um galhardete, uma caneta, uma T-Shirt» Carolina foi grande surpresa «até certo ponto»

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Os dois árbitros assistentes do jogos Gondomar/Ermesinde e Gondomar/Lixa confirmaram esta manhã durante o julgamento do «Apito Dourado» que encontraram «três embrulhos» no balneário, mas que não os abriram por determinação do árbitro principal, José Palma.

Pedro Nuno Ribeiro, que também chegou a ser arguido no processo «Apito Dourado», referiu ter encontrado «três caixinhas», sendo que «o senhor José Palma (árbitro) disse para não mexermos e eu não mexi. Não sei o que lá estava», especificou, acrescentando: «O meu chefe de equipa é que disse que seriam artefactos em ouro».

«Já sabia que o Gondomar oferecia artefactos em ouro?» quis saber o procurador. «Ele (José Palma) é que me disse», precisou.

A situação contrastava com as ofertas de outros clubes. «Nos outros campos normalmente oferecem um galhardete, uma caneta, uma T-Shirt», especificou, acrescentando que «segundo o chefe, aquilo era mais do que uma prenda simbólica».

Situação não foi referida no relatório de jogo

«Alguém abriu os embrulhos?», questionou o tribunal, ao que o árbitro respondeu que ninguém abriu, tendo as caixinhas ficado no sítio. Além disso, «normalmente, (as ofertas) estavam à vista».

«Oferecem-se sapatos, relógios?», insistiu ainda o procurador. Pedro Ribeiro respondeu «Não, não».

Também Francisco Manuel Correia Mendes, ex-arguido, primeiro assistente, arbitrou o Gondomar/Ermesinde. À pergunta do procurador «Não viu lá umas coisas na cabine?», respondeu: «Estavam lá três embrulhos, o chefe de equipa disse para não mexermos naquilo». «Por que é que o seu chefe disse para não mexerem? Podiam lá estar rebuçados?», questionou o procurador.

A testemunha respondeu: «O árbitro disse-nos «Aqui vocês não mexem». No jogo Gondomar/Leixões voltaram a encontrar três embrulhos em papel e não lhes tocaram.

Apesar de as situações anómalas deverem constar do relatório dos jogos, o árbitro Francisco Mendes confirmou, questionado pelo advogado Carlos Duarte, que representa os arguidos Jorge Saramago e António Eustáquio, que o facto não foi incluído no relatório dos jogos.

«Umas lembranças oferecemos»

«Umas lembranças oferecemos. Assim, umas garrafas de vinho. É normal e prática em qualquer lado» garantiu, em audiência, o antigo director do Fafe, Jorge Castro Barros, que depunha na qualidade de testemunha arrolada pela acusação.

Em resposta à questão do procurador sobre se o Fafe oferecia presentes a árbitros, Castro Barros especificou ainda que essa prática apenas ocorria quando os jogos eram realizados em casa.

Jorge Castro Barros, bancário reformado, foi delegado do Fafe ao jogo Gondomar/Fafe e questionado pelo Ministério Público sobre o desempenho do árbitro, esclareceu que «é capaz de ter sido mais beneficiado o Gondomar Sport Clube do que nós».

Juiz autorizou transcrição de escuta telefónica

O Juiz Carneiro da Silva deferiu, esta manhã, a transcrição da escuta telefónica requerida pela advogada Isabel Monção, que representa o arguido Pedro Sanhudo, por considerar que aquela se afigura relevante para a descoberta da verdade e para a boa decisão da causa.

A conversa entre Licínio Santos e Pedro Sanhudo, ambos árbitros e arguidos no processo, foi ouvida esta manhã em tribunal e parece demonstrar que o árbitro Sanhudo participou num jantar com o presidente do Gondomar, José Luís Oliveira, e com o árbitro Licínio Santos, apenas e só por sugestão deste último. A intenção da advogada é desmontar a tese da acusação, segundo a qual o referido jantar seria uma oferta pela arbitragem do jogo Gondomar/Pedras Rubras, realizado cerca de uma semana antes.

O julgamento prossegue da parte da tarde com a audição de sete testemunhas, entre elas o ex-árbitro internacional António Garrido.

Valentim Loureiro abandonou a sala no início da audiência, depois de o juiz ter deferido o seu pedido para estar ausente por motivos profissionais.
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