Apito: «Alguma vez lhe pedi para fazer fretes?» - TVI

Apito: «Alguma vez lhe pedi para fazer fretes?»

José Luís Oliveira

Defesa do principal arguido questiona PJ sobre escuta não transcrita

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A defesa do antigo presidente do Gondomar Sport Clube (GSC), José Luís Oliveira, questionou esta quarta-feira a inspectora da PJ, Leonor Brites, sobre uma escuta telefónica que não foi transcrita e na qual alegadamente o arguido Pinto de Sousa admitia que Oliveira nunca lhe pedira para nomear árbitros favoráveis ao clube.

À pergunta da advogada Paula Godinho, que representa o principal arguido do processo «Apito Dourado», sobre se «transcreveu alguma escuta em que Oliveira pede a nomeação de um árbitro para beneficiar o Gondomar e, sublinho, não é para não prejudicar, mas para beneficiar», a inspectora respondeu: «Expressamente para beneficiar o Gondomar, com a expressão beneficiar, não».

Paula Godinho aludiu, de seguida, a uma escuta telefónica que os investigadores não terão transcrito para os autos (mas que constará dos CD áudio a que os arguidos tiveram acesso), interceptada em Setembro 2003, em que José Luís Oliveira manifestava ao presidente do Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Pinto de Sousa, o desagrado pelas arbitragens que prejudicariam o Gondomar.

«Árbitros para fazer fretes?»

Perante a irritação de José Luís Oliveira, o presidente do Conselho de Arbitragem da FPF sugeria que, se calhar o presidente do GSC gostaria que fossem nomeados árbitros «para fazer fretes». A advogada continuou a ler a escuta, detendo-se na reacção do seu cliente: «Alguma vez lhe pedi para nomear árbitros para fazer fretes?», ao que Pinto de Sousa terá respondido: «Isso não». Questionada sobre se teria acompanhado a intercepção desta escuta e se considerou relevante inclui-la no processo, Leonor Brites respondeu que não se recordava.

Contactada pelo PortugalDiário a advogada Paula Godinho referiu que «a escuta existe e que não foi considerada relevante» pelo que a defesa do arguido irá «transcrevê-la e juntá-la aos autos no momento oportuno».

PJ sabia do «favorecimento» desde a quarta jornada

Questionada pela defesa do antigo responsável pelo departamento de futebol do GSC, Castro Neves, a mesma inspectora admitiu que a PJ sabia, desde a 4ª jornada, que o clube de Gondomar estava a ser favorecido pelas arbitragens. Pedro Alhinho estranhou que apenas tivessem sido realizadas buscas e detenções na 34ª jornada, a quatro jornadas do fim do campeonato, e em vésperas do jogo com os Dragões Sandinenses, principal adversário do clube.

O causídico quis ainda saber como é que os inspectores entravam nos estádios, tendo aquela respondido: «Comprávamos o bilhete». Ainda em resposta às questões do mesmo advogado, a inspectora referiu desconhecer se pagou o ingresso do seu bolso, sendo certo que «a polícia assume o pagamento de despesas efectuadas por inspectores quando em exercício de funções». Tratando-se de trabalho realizado ao domingo, a polícia pagou as horas extraordinárias, referiu Leonor Brites. O mesmo tendo acontecido durante todas as anteriores jornadas a que os inspectores assistiram.

As mesmas questões seriam colocadas mais adiante, aquando da inquirição ao inspector Novais de Sousa, que atribuiu o timing das buscas e detenções à estratégia da investigação. Sobre o ingresso nos estádios, esclareceu que pagavam bilhete no estádio do GSC e entravam com livre trânsito da PJ nos restantes estádios. Uma versão reafirmada pelo colega David Matias, igualmente ouvido esta tarde.

Inspectora viu arguidos no túnel de acesso à cabine dos árbitros

Se no jogo Gondomar/Braga B não se lembra de ter visto o arguido Castro Neves, já na partida Vilanovense/GSC, Leonor Brites viu José Luís Oliveira e Castro Neves a acederem ao corredor de acesso à cabine de arbitragem. «Sabe o que o senhor Castro Neves foi fazer à cabine de arbitragem?, inquiriu Pedro Alhinho: «Não sei», respondeu a inspectora.

Leia a continuação: «Apito: Está preparado para apitar o jogo?»
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