Venezuela: português libertado - TVI

Venezuela: português libertado

  • Portugal Diário
  • 27 out 2007, 16:10
Os quatro portugueses raptados na Venezuela

David Barreto foi sequestrado dia 12 de Agosto, em Táchira, juntamente com três crianças. Os menores foram encontrados dias depois pela Guarda Nacional, mas o comerciante continuou com paradeiro desconhecido. Família diz que «ele está bem», mas não confirma se pagou algum resgate

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Os raptores libertaram o comerciante português David Barreto Alcedo, de 37 anos, sequestrado desde 12 de Agosto no Estado venezuelano de Táchira, confirmou à agência Lusa uma fonte próxima da família, que se recusou a avançar com quaisquer pormenores.

«Ele chegou a casa pelas 20:45 horas de ontem (1:45 horas de hoje em Lisboa). Chegou bem, tendo em conta a situação, um tanto abalado, mas feliz por regressar com a família», disse. A mesma fonte recusou-se a confirmar ou desmentir se foi feito o pagamento de qualquer resgate.

A agência Lusa contactou telefonicamente o cônsul honorário de Portugal na localidade, Armindo Ferreira, e o cônsul-geral de Portugal em Valência, Rui Monteiro, que confirmaram a libertação do comerciante.

David Barreto Alcedo foi sequestrado por desconhecidos a 12 de Agosto, conjuntamente com três crianças (um filho e dois sobrinhos) quando regressavam de um passeio de fim-de-semana à barragem de Uribante-Caparo, nas proximidades da fronteira colombo-venezuelana.

O comerciante é filho de José Cardoso Barreto, um profissional da área da construção civil, natural de Vilar das Almas, Ponte de Lima, Viana do Castelo e a residir na Venezuela há 48 anos.

Três dias o bispo de San Cristóbal, capital do Estado de Táchira, apelou a que devolvessem «com vida todos os sequestradores», dum caso que sensibilizou a comunidade lusa que, também em Caracas, apelou a Nossa Senhora do Monte e a Nossa Senhora de Coromoto, padroeira da Venezuela, que intercedessem pelos portugueses raptados.

A 17 de Agosto último o subversivo Exército de Libertação Nacional da Colômbia (ELN) divulgou um comunicado em que desmentia qualquer envolvimento no sequestro dos portugueses.

Centrando as buscas aos Estados venezuelanos de Apure, Barinas, Táchira e Méridas, a polícia venezuelana deteve a pelos menos cinco pessoas, alegadamente envolvidas nos sequestros, garantindo que tinha uma «testemunha-chave» e que os portugueses raptados permaneciam em território nacional.

A 24 de Agosto a Guarda Nacional (polícia militar) venezuelana resgatou, com vida, as três crianças, que foram abandonadas pelos raptores na margem de um rio, no vizinho Estado de Apure, poucos minutos antes da chegada da polícia.

«Pensei que era sonho»

A notícia da libertação do comerciante português chegou às três da madrugada aos familiares de Ponte de Lima, tendo alguns, num primeiro momento, pensado que estavam apenas a sonhar.

«Depois de tanto tempo à espera dessa notícia, recebê-la por telefone, às três da madrugada, fez com que, num primeiro momento, pensasse que era um sonho. Mas afinal é mesmo verdade. Nem imagina o nosso alívio», disse à Lusa José Cardoso Barreto, primo do raptado.

«Foi o pai do David que telefonou para a família em Portugal, a dar a notícia. Disse apenas que o filho já estava em casa e que tinha chegado bem. E que em breve viria a Portugal, quem sabe para preparar as coisas para voltar de vez», contou.

Este familiar recordou que David Alcedo, industrial do ramo da panificação «já tinha tido vários avisos». Por isso, «andava com ideias» de se estabelecer em Portugal, em nome da segurança e da tranquilidade, que não conseguia naquele país.

«Andavam sempre atrás dele, certamente por saberem que é uma família de posses», disse José Cardoso Barreto, sublinhando que o último «aviso» aconteceu há cerca de um ano, quando um grupo de indivíduos «lhe entrou em casa e levou tudo o que quis», entre bens e uma «avultada» quantia em dinheiro.

Antes disso, também já a mulher de David Alcedo tinha sido vítima de um rapto, que acabou por não ter consequências de maior, porque, entretanto, furou um pneu do veículo dos raptores e ela conseguiu pôr-se em fuga.
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