O Tribunal de São João Novo absolveu esta quinta-feira o segurança Reginaldo Semedo (o «Rijo») do crime de homicídio de que era acusado por ter morto um colega de profissão. A juíza considerou que Rijo, que na altura era segurança no bar maré alta, agiu em legítima defesa.
O tribunal considerou provado que a vítima, que estava alcoolizada, foi ao maré alta, onde discutiu com o arguido, tendo até disparado sobre ele, embora não tenha conseguido atingi-lo. Depois, já no exterior, voltou a seguir Rijo, dizendo que o ia matar e empunhando um objecto que seria uma arma, ou podia pelo menos ser confundido com uma. Ainda conseguiu dar uma cabeça no arguido e morder-lhe no pescoço, o que fez Rijo ficar inclinado para trás e por isso, com menos hipóteses de se defender de outra forma. Por todos estes factos e porque vítima e arguido eram de compleição física semelhante, a juíza considerou que Rijo disparou «para afastar a vítima, para se defender. Matou para não morrer».
Segurança confessa tiro fatal
Segurança de discoteca assassinado
Ainda assim, Rijo foi condenado a 12 meses de prisão efectiva por detenção de arma ilegal. A juíza disse ser importante censurar a «posse de armas por pessoas que trabalham em estabelecimentos de diversão nocturna, onde o álcool anda muitas vezes associado». Pesou ainda o facto de Rijo «já ter sido condenado mais do que uma vez por esse crime». Mas a seu favor, o arguido teve o facto de ter confessado a posse da arma, facto que foi importante para apurar o que se passou naquela noite.
Ainda assim, Rijo não cumprirá pena de prisão porque há dois anos que tem cumprido medidas de coacção restritivas como prisão domiciliária e pulseira electrónica.
«Foi feita justiça»
No final da sessão, Rijo mostrou-se satisfeito por ter sido feita justiça e diz que quer «que tudo volte ao normal». Quando os jornalistas lhe pediram para contar o que se passou naquela noite, recusou-se a faze-lo. «Nem quero pensar nisso, até a mim me faz mal», disse.
Agostinho Silva, advogado de Rijo também se mostrou satisfeito. «Foi feita Justiça», disse. Adiantou que não vai recorrer e duvida que o MP o faça porque «se dúvidas houvesse, o acórdão explica tudo», adiantou.
Já o procurador do Ministério Público não se mostrou tão certo, tendo apenas dito que vai analisar o processo.
Porto: segurança absolvido de homicídio
- Sara Marques
- 28 fev 2008, 16:52
Juíza considera que Rijo «matou para não morrer»
Continue a ler esta notícia