Benjamim Correia, irmão do segurança assassinado em Miragaia (Porto), acusa o cunhado de Bruno Pinto («Pidá») de pressionar e tentar subornar uma testemunha para que não o acuse em tribunal. José Fernando Marques da Silva, conhecido como «Nando Leitinho», está acusado de disparar dois tiros que atingiram António Manuel Guedes da Silva.
«Sei que o «Leitinho» anda a ameaçar o Manel, há um mês, e que até lhe ofereceu 15 mil euros para não dizer em tribunal que foi ele quem lhe deu os tiros», disse ao PortugalDiário Benjamim Correia. «É claro que o Manel viu quem foi, até andou à porrada com ele antes dos tiros, mas não conta porque tem medo», adiantou.
Ontem, durante a primeira sessão do julgamento, Benjamim Correia e os irmãos dirigiram-se ao tribunal de São João Novo com a intenção de intervir durante a sessão e dizer que a testemunha estava a ser ameaçada. «Dirigi-me à polícia e pedi para me dizerem onde era o gabinete do Ministério Público para denunciar a situação, mas disseram-me que tinha de ir ao DIAP», referiu ainda. Apesar de afirmar que não tenciona ir ao DIAP, garante que está disposto a testemunhar em tribunal caso lhe solicitem.
«Não tenho dinheiro para comer. Ia agora oferecer 15 mil euros?»
Contactado pelo PortugalDiário, o arguido rejeitou liminarmente que alguma vez tivesse ameaçado ou tentado comprar a vítima. «Claro que não», «Vi-o pela primeira vez no tribunal», assegurou José Fernando Marques da Silva, que ainda ironizou. «Eu não tenho dinheiro para comer. Ia agora oferecer 15 mil euros?!!».
Confrontado com o facto de a vítima o ter reconhecido sem hesitações numa fotografia, durante a fase de inquérito, o arguido recusou prestar mais esclarecimentos, «porque o julgamento está a decorrer». E mais uma vez ironizou: «A minha irmã também é muito parecida comigo».
Advogado da vítima desconhece mas admite «ameaças»
Ouvido pelo PortugalDiário, o advogado Carlos Fernandes, que representa a vítima no pedido de indemnização civil, admitiu como «perfeitamente viável» que o cliente tenha sido alvo de «pressões e ameaças».
«Ele não me contou nada, mas é natural que tenha havido pressões ou ameaças», referiu o causídico, acrescentando que o cliente «tem plena consciência do meio em que está envolvido e de que está a pisar um terreno bastante armadilhado».
Não obstante, assegurou não ter conhecimento de que tenham existido efectivas pressões ou ameaças [«se tivesse conhecimento disso, imediatamente pediria escusa do processo»] e ainda considerou pouco provável que tenha sido oferecido dinheiro ao cliente. «Posso assegurar que se tivesse existido aliciamento financeiro, o meu cliente ter-me-ia dito».
Refira-se que ontem durante o julgamento o juiz perguntou à vítima se tinha sido ameaçada ou pressionada, facto que esta negou.
Leia a seguir: Vítima envolveu «Pidá» e reconheceu autor dos disparos, durante o inquérito
![Noite do Porto: vítima «ameaçada» - TVI Noite do Porto: vítima «ameaçada» - TVI](https://img.iol.pt/image/id/8818067/400.jpg)
Noite do Porto: vítima «ameaçada»
- Sara Marques
- e Cláudia Rosenbusch
- 31 jan 2008, 23:28
![Imagem de arquivo (João Abreu Miranda/Lusa)](https://img.iol.pt/image/id/8818067/1024.jpg)
Irmão de segurança assassinado garante que cunhado de «Pidá» ofereceu 15 mil euros ao ofendido para que este o ilibasse da acusação de homicídio tentado. Arguido nega tudo. Advogado da vítima desconhece, mas admite que o cliente tenha sido alvo de «ameaças» Ofendido envolveu «Pidá» e reconheceu autor dos disparos. Em julgamento deu o dito por não dito
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