Avaliação de professores é tipo «Big Brother» - TVI

Avaliação de professores é tipo «Big Brother»

  • Portugal Diário
  • 24 nov 2007, 18:04

Federação Nacional dos Sindicatos da Educação teme «instabilidade nas escolas»

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A Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) defende que a nova lei sobre avaliação de professores baseia-se em «métodos do tipo Big brother, que só criarão instabilidade nas escolas».

Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, afirmou que «o sistema vai pôr os professores sob vigia permanente, aumentando o seu grau de insegurança sobre o trabalho diário, e prejudicando as relações humanas, já que põe os docentes uns contra os outros».

«É um sistema que aumenta a carga burocrática, com montes de papelada e fichas para preencher», realçou, dizendo que a FNE discorda, nomeadamente da possibilidade de ser o Conselho Pedagógico a impor os objectivos de trabalho aos professores, rejeitando os planos que lhe são apresentados.

O dirigente associativo falava à margem dos trabalhos do Dia Nacional do Trabalhador Não-Docente que hoje decorrem no auditório municipal de Felgueiras, com a presença de 200 trabalhadores.

«Lógica de punição da classe docente»

João Dias da Silva considerou, ainda, que o novo diploma legal - que aguarda promulgação pelo Presidente da República - «foi concebido numa lógica de punição da classe docente, de modo a que poucos atinjam os patamares superiores da carreira».

Frisou que o organismo sindical «é a favor da existência de um sistema de avaliação dos professores, justo e eficaz, mas acentuou que tal tem de servir para melhorar a qualidade do ensino, e não para o contrário como sucederá com a nova lei».

«Este sistema obriga o professor a definir os seus objectivos e métodos de trabalho, o que, em princípio, é correcto, mas esquece, por exemplo, os factores exteriores às escolas, pois há zonas com alunos com problemas sociais e psicológicos, e outras que não os têm», lamentou.

Durante a sessão, o dirigente sindical da Zona Centro, João Ramalho, havia avisado de que, se o novo sistema de avaliação tiver quotas e como limite máximo, o «Bom», como foi feito em alguns agrupamentos para funcionários das escolas, «os professores até os comem vivos».

Sistema com três dimensões

O Governo aprovou no final de Outubro o decreto que regulamenta o processo de avaliação de desempenho do pessoal docente da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, regras que o Executivo tenciona aplicar já este ano lectivo.

A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, frisou na altura que a avaliação que entrará em vigor terá três dimensões distintas.

Na primeira dimensão, o processo centra-se numa ficha de auto-avaliação elaborada por cada um dos professores em exercício.

Depois, na segunda dimensão, o processo de avaliação é desenvolvido pelo professor titular coordenador do departamento disciplinar, que avaliará o desenvolvimento das aulas, os materiais pedagógicos produzidos e a relação do docente com os alunos.

Finalmente, na terceira e última dimensão, a avaliação é feita pelos conselhos executivos, que, entre outros aspectos, aferem a participação dos docentes na vida da escola, ou os graus de responsabilidade e de assiduidade demonstrados por cada professor ao longo do período lectivo.
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