Governo nega pressões a docentes - TVI

Governo nega pressões a docentes

Comunidade escolar também desconhece directivas para não chumbar

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A comunidade escolar rejeita que haja escolas a pressionar os docentes para não chumbar os alunos do 2º e 3º ciclos. A uma só voz, sindicatos, professores, pais e o próprio Ministério da Educação garantem não ter conhecimento de quaisquer pressões. A notícia foi avançada esta terça-feira pelo Correio da Manhã, que adianta que o objectivo dos conselhos executivos querem que os alunos tenham boas notas porque esse é um dos factores de avaliação das escolas.

Segundo o Correio da Manhã, estas pressões intensificaram-se devido às inspecções que estão a ser feitas nas escolas para avaliar os estabelecimentos de ensino. Em comunicado, o Ministério da Educação desmente a notícia citando o Inspector-Geral de Educação, José Maria Azevedo, que também falou ao jornal: «É desajustada a ideia de que as avaliações externas possam induzir qualquer falso sucesso».

O responsável explica ainda que «os resultados escolares são o aspecto principal mas não único dos resultados da escola» e as notas que são tidas em causa «não são as notas do Natal, mas os resultados dos últimos anos, que incluem exames externos».

José Maria Azevedo disse ainda que «é conveniente ver que problemas efectivos estão na base das queixas uma vez que a Inspecção-Geral da Educação desconhece qualquer queixa».

Também Maria Arminda Bragança, da Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE), desconhece casos de pressão. «Custa-me a acreditar que isto esteja a acontecer». A responsável disse ainda ao PortugalDiário que nem os professores se prestavam a isso. «Os professores não se deixariam pressionar dessa forma porque sabem que não estariam a defender os interesses do aluno. A avaliação serve para ajudar o aluno a ultrapassar dificuldades e não há interesse em dar-lhe boa nota se ele não tiver aprendido a matéria».

A docente destaca ainda que os alunos serão depois sujeitos a exame e que «a diferença entre a avaliação interna e a nota do exame também é um factor de avaliação dos próprios professores». Mais um motivo para os docentes não darem boas notas injustificadas. «O professor tem que ter a preocupação de que o aluno aprenda, porque o sistema vai exigir que ele prove que sabe», adianta.

Mas, para Maria Arminda Bragança, «a avaliação das escolas até é desejável porque ajuda a melhorar as práticas».

Contudo, a responsável diz que «não podemos esquecer que este Governo tem uma obsessão por estatísticas e está a ser muito pressionado pela estratégia de Lisboa para baixar os índices de insucesso escolar».

Avaliação dos professores em causa

Francisco Almeida, da Fenprof, também não acredita que haja pressões dos órgãos de gestão da escola para os professores não chumbarem os alunos. «Não creio e recuso-me mesmo a acreditar que seja assim», disse ao PortugalDiário. O responsável admite porém que haja uma pressão auto-imposta pelos próprios docentes devido à avaliação a que eles próprios serão sujeitos. «A avaliação dos alunos e o índice de abandono escolar são factores que pesam na avaliação dos professores e não podemos esquecer que da avaliação de desempenho depende a progressão na carreira».

«Um completo disparate»

Albino Almeida, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) considera esta notícia «um completo disparate. Não tenho indicação de que isso esteja a acontecer e note-se que os pais também estão presentes na discussão dos critérios nos conselhos pedagógicos». O responsável recorda que «os alunos vão ser submetidos a exame no final do ano e para as escolas seria pior se houvesse uma grande disparidade entre a nota interna e a nota do exame».
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