«Gatos» escrevem a Carmona - TVI

«Gatos» escrevem a Carmona

Cartaz Gato Fedorento no Marquês de Pombal - Foto Mário Cruz/Lusa

Humoristas responsabilizam-se pelo cartaz. Pagam duas multas e vão suportar custos da remoção do outdoor. Gatos não estão escaldados: gesto de intervenção urbana é para continuar

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Ricardo Araújo Pereira, Tiago Dores, José Diogo Quintela e Miguel Góis entregaram uma carta na Câmara Municipal de Lisboa a identificar-se como responsáveis pela afixação de um cartaz humorístico [a parodiar o outdoor do Partido Nacional Renovador contra a imigração], acrescentando que assumem os custos inerentes ao seu gesto. Referiram, além disso, que o cartaz não tinha uma mensagem política, mas de teor pessoal, soube o PortugalDiário.

Oito dias volvidos sobre a afixação do cartaz humorístico, que arranhou as ideias do Partido Nacional Renovador (PNR), e as consequentes ameaças dirigidas ao grupo de comediantes que, segundo a imprensa, os obrigou a ter segurança policial, os Gatos não estão escaldados, mas vão ter de pagar duas multas e suportar os custos da remoção do cartaz.

Pela afixação de mensagem publicitária, os jovens terão de pagar «entre 3.74 e 3.740 euros» enquanto que pela ocupação da via pública desembolsarão entre «1 a 4,5 salários mínimos nacionais». Retirar o cartaz da via pública custou 264 euros, referiu fonte da autarquia, acrescentando que os valores ainda estão a ser fixados.

Apesar de tudo, (ou por tudo isto) o grupo não prescinde deste gesto de «intervenção urbana» em que foram pioneiros no nosso país. «É um coisa natural», justificou ao PortugalDiário Miguel Góis, um dos elementos do grupo.

No mesmo dia em que o partido de José Pinto Coelho voltou à carga com outro cartaz a bater na imigração, Miguel Góis não comenta o gesto, mas também não abre o jogo sobre se o escrito terá uma resposta à altura. «Não comento».

O cartaz do PNR deu o mote, mas o programa dedicado à eleição de Salazar como melhor português «em que vestimos o uniforme e cantámos o hino da Mocidade Portuguesa» serviu de inspiração na resposta ao PNR, conta o humorista.

Quando descobriram que o custo de afixar um cartaz no centro de Lisboa era «perfeitamente suportável entre os quatro» (dois mil euros) decidiram avançar. Acabaram por não pagar nada já que as pessoas envolvidas na sua elaboração ofereceram a mão-de-obra.

Uma semana volvida sobre a afixação do cartaz humorístico, as ameaças contra o grupo «não continuaram». Mas o cartaz afixado esta sexta-feira prova que as ideias do PNR continuam intactas.
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