Fuga de cérebros em debate - TVI

Fuga de cérebros em debate

  • Portugal Diário
  • 13 nov 2007, 15:54

Saem em busca de melhores condições, mas deixam o país de origem sem profissionais

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A chamada «fuga de cérebros» e as dificuldades no reconhecimento das habilitações que os imigrantes encontram nos países de acolhimento foram hoje os temas em debate na conferência internacional «Migrações e Desenvolvimento», a decorrer em Lisboa.

Ilustrando as dificuldades que essa «fuga de cérebros» pode provocar nos países de origem, Maria Hermínia Cabral, da Fundação Calouste Gulbenkian, fez saber que existem em Portugal cerca de 2.100 médicos angolanos e 180 guineenses.

«Angola não tem tantos e a Guiné-Bissau não supera os 80», afirmou.

A responsável disse ainda que a Gulbenkian tem pontualmente incentivado o regresso de médicos ao país de origem, quando é essa a sua vontade, mas afirma que os que aceitam acabam por ficar pouco tempo.

«Tentamos criar condições para a integração desses médicos em hospitais dos seus países de origem, mas depois as condições salariais não são apetecíveis» e eles acabam por regressar a Portugal, disse Maria Hermínia Cabral à agência Lusa.

Por isso, uma das apostas da Gulbenkian é apoiar a formação das pessoas nos seus países de origem, «com o intuito também de essas pessoas passarem a ser as formadoras», afirmou.

Referindo-se ao problema do reconhecimento das habilitações dos imigrantes, Maria Hermínia Cabral deu a conhecer às diversas organizações internacionais presentes na conferência o programa que a Fundação Calouste Gulbenkian desenvolveu com médicos e enfermeiros estrangeiros, que permitiu que mais de 100 estejam actualmente a trabalhar no Sistema Nacional de Saúde.

Em declarações à Agência Lusa, a chefe de missão em Portugal da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Mónica Goracci, mostrou-se confiante com o trabalho que vai ser desenvolvido no gabinete de Reconhecimento de Habilitações, do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI).

«Acredito que vai facilitar esse reconhecimento», afirmou a responsável, para quem o actual processo «é muito lento e não está a responder às necessidades».

Mónica Goracci disse ainda que os países de acolhimento deveriam «aproveitar» os conhecimentos que os imigrantes levam porque são pessoas com «capacidade de se adaptar a contextos diferentes, trabalham em equipas multiétnicas e falam mais línguas do que as populações locais».

Na conferência foi ainda apresentado um projecto da fundação holandesa IntEnt, que incentiva e apoia os imigrantes na Holanda a criarem Pequenas e Médias Empresas nos seus países de origem.
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