Salvou crianças antes do filho - TVI

Salvou crianças antes do filho

Famílias passaram momentos de pânico

Autocarro com 52 crianças foi arrastado pela força da água. Bombeiro salvou nove crianças antes do filho, Tomé, que deu o alerta. «Não me sinto herói. Fiz o que tinha de fazer»

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António Serrano tem 33 anos é bombeiro há 17 e, esta quarta-feira, viveu um dos salvamentos mais difíceis da sua vida. O filho e mais 51 crianças estiveram em perigo de vida, quando o autocarro em que seguiam foi arrastado pelas águas do rio Arunca, em Simões, Soure.

«Vinha a caminho do trabalho quando o meu filho me ligou. Primeiro ouvi muito barulho e depois percebi que as crianças estavam em pânico. Pedi ao meu filho, que se portou muito bem, para ter calma e acalmar os colegas», contou ao PortugalDiário António Serrano.

Dentro do autocarro o medo instalou-se. A água ainda não tinha chegado às crianças, mas um vidro partido pelas oliveiras e o fumo do motor foi o suficiente para pensar que o pior ia acontecer. «Os miúdos não estavam com medo da água. Ouvi um deles dizer que iam morrer todos queimados», lembra.

O bombeiro demorou 10 minutos a chegar ao local. Pelo caminho esteve sempre em contacto com o filho. «Ainda passei pelo INEM para alertar, mas estive sempre ao telemóvel com ele», explicou.

Já no local, o impulso foi o de livrar de imediato Tomé, de 11 anos, do perigo. «Eu podia ter ido salvar o meu filho primeiro, mas eu sabia que ele estava bem. Tínhamos que salvar todas as crianças», relembra António que retirou nove miúdos do perigo antes do seu rapaz.

«Só o vi cinco minutos depois. Estava ansioso mas senti a obrigação de tratar todos os miúdos como se fossem meus». António confessa que não se sente como um herói. «É vida por vida. Fiz o que tinha a fazer, por todos. Estou grato por tudo ter corrido bem. Podia ter sido muito pior, bastava o autocarro tombar».

António Serrano confessa que pensa duas vezes antes de «enterrar» o motorista. «Eu percebo que os pais estejam revoltados. Eu também sou pai. Mas ele nunca pensou que estivesse tão mal», justifica.
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