Forças Armadas podem não ter capacidade «para defender o país» - TVI

Forças Armadas podem não ter capacidade «para defender o país»

General Loureiro dos Santos

Medidas anunciadas para a Defesa não respeitam o planeamento, alerta general Loureiro dos Santos

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O general Loureiro dos Santos afirmou, esta sexta-feira, que as medidas anunciadas em entrevistas televisivas pelo ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, podem tornar as Forças Armadas incapazes e não respeitam o normal ciclo de planeamento estratégico.

Em declarações à agência Lusa e à Antena 1, à entrada para um jantar de oficiais-generais, almirantes e oficiais superiores, o antigo ministro da Defesa e ex-chefe do Exército disse que estas iniciativas em Lisboa e no Porto devem contar com a participação de mais de duzentos militares.

Loureiro dos Santos referiu que as declarações de Aguiar-Branco geraram preocupação na instituição militar, principalmente «quando informou que iam ser tomadas determinadas medidas sem que o ciclo de programação do planeamento estratégico esteja no fim».

«Isso leva-nos a ter receio de que as Forças Armadas que ele anunciou não tenham capacidade para defender o país e para fazer o que o país precisa e [isso] lance uma desmotivação e uma desmoralização nos militares», afirmou.

O antigo chefe militar considerou que «o planeamento concorrente» das medidas, invocado pelo ministro da Defesa, «é uma boa prática que deve ser seguida», mas salientou que neste momento está ainda a ser discutido o Conceito Estratégico de Defesa, que depois deve originar documentos mais específicos que condicionarão as opções de forças e equipamento das Forças Armadas.

«O planeamento concorrente faz-se nos vários patamares relativamente ao momento que está a ser atacado dentro do ciclo de planeamento estratégico, ora bem, neste momento o ciclo do planeamento está na Assembleia, é o primeiro ponto do ciclo, e o planeamento concorrente já está a ser feito na fase final do planeamento estratégico, o que é de facto uma coisa um bocado estranha», observou.

Já o coronel Vasco Lourenço manifestou, em declarações à Lusa, «uma indignação muito forte com o que se está a passar» e disse que estes jantares de militares são para «dar sinais para quem quiser ver».

O presidente da Associação 25 de Abril criticou «a forma miserável como o poder está a tratar as Forças Armadas» e como está «a destruí-las por completo e a destruir a condição militar».

Neste jantar no Centro de Congressos de Lisboa estão presentes ex-chefes dos três ramos e o antigo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas general Gabriel Espírito Santo.

Os generais Pinto Ramalho, Garcia dos Santos, Garcia Leandro e Paiva Monteiro (ex-chefes e vice-chefes do Exército), Aleixo Corbal (ex-chefe da Força Aérea) ou os almirantes Melo Gomes e Vieira Matias (ex-chefes da Marinha) também marcam presença no jantar.

O jantar no Centro de Congressos, que é fechado à imprensa, começou com uma intervenção do general Loureiro dos Santos, principal impulsionador da iniciativa.

Segundo disse à Lusa um dos participantes, o antigo chefe militar disse que tanto o presidente da República, como o ministro da Defesa, foram formalmente informados da realização destes jantares, que vão discutir principalmente a reestruturação das Forças Armadas e a descaracterização da condição militar.

Fora da sala de refeições do Espaço Tejo teve de ser montada uma mesa adicional para cerca de uma dezena de militares que não tinham lugar no interior, com capacidade para duzentas pessoas e que já se encontra lotado.
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