Ciganos envelhecem e morrem mais cedo - TVI

Ciganos envelhecem e morrem mais cedo

Moradora do bairro do Bacelo. Foto: ESTELA SILVA/LUSA

Devido às condições de vida e à falta de cuidados médicos

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A esperança de vida da comunidade de etnia cigana em Portugal ronda os 60 anos, menos 18 que a média nacional, devido às condições de vida e à falta de cuidados médicos, segundo a coordenadora de um projecto social.

Cláudia Guerra, coordenadora do Projecto Encontros, em Moura, afirmou esta segunda-feira na Subcomissão Parlamentar de Igualdade de Oportunidades e Família, que é muito raro um homem ou mulher de etnia cigana chegar aos 70 anos, num país onde a esperança de vida à nascença se situa nos 78,17 anos, sendo de 74,84 anos para os homens e de 81,3 para as mulheres.

Isabel Gaivão, médica do Centro de Saúde de Moura, explicou que os ciganos «envelhecem mais depressa devido às condições de vida». Por outro lado, acrescentou, só procuram os serviços de saúde numa fase terminal, sendo os diagnósticos mais tardios e a cura mais difícil.

Um estudo do Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (ACIME) divulgado em 2006 revelava que a população cigana em Portugal se mantém distante dos serviços preventivos porque desconfia das instituições de saúde.

A população cigana «recorre aos médicos em caso de obrigatória necessidade, quando se está doente, para se ser tratado, com um sentimento de urgência», adiantava o estudo «Saúde/Doença - é questão de cultura».

Evitam a escola e têm pouca formação profissional

A relação da população cigana com a escola foi outro assunto abordado durante a audição, com Cláudia Guerra a afirmar que no concelho de Moura as crianças entram muito tarde para escola, com nove e 10 anos, sendo elevadas as taxas de retenção e de abandono escolar.

«As crianças frequentam o 1º ciclo mas quando há transição para o segundo ciclo abandonam a escola», sublinhou a responsável do projecto em Moura, onde segundo dados do Plano de Desenvolvimento Social de 2008 vivem 679 pessoas, sendo 4,2 por cento da população de etnia cigana.

Cláudia Guerra, que tem como base de trabalho o agrupamento de escolas de Moura e Amareleja, adiantou que a esmagadora maioria das crianças não frequenta o pré-escolar por os pais considerarem que ainda são muito pequeninos para estarem longe dos progenitores. Muitas das crianças, acrescentou, frequentam a escola para os pais receberem o Rendimento Social de Inserção.

Fazendo um retrato da população adulta, a técnica afirmou que são tradicionalmente vendedores ambulantes, mas ainda se deslocam muito para trabalhos agrícolas sazonais como a apanha de azeitona no Alentejo, no Inverno, frutas na Andaluzia (Espanha) na Primavera, e tomate no Algarve, no Verão. São pessoas com «pouca ou nula frequência de formação profissional», frisou.
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