Especulação faz aumentar preço da sardinha - TVI

Especulação faz aumentar preço da sardinha

  • Redação
  • José Luís Sousa, Agência Lusa
  • 30 mai 2008, 14:45
Greve dos Pescadores na Figueira do Foz

Não é só o aumento do combustível e a greve dos pescadores a desalinhar os preços

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O quilo de sardinha vendido no mercado da Figueira da Foz chega a quadriplicar quando comparado com o preço praticado em lota, situação atribuída pelos pescadores à especulação dos intermediários e não à greve do sector.

A pouca sardinha hoje à venda, a preços que variam entre os 2 e os 3,5 euros por quilo, resulta da última faina antes da paralisação, realizada na madrugada de quinta-feira e comercializada na lota horas depois a valores entre os 69 e os 86 cêntimos.

Apesar da variação de preços, no mercado da Figueira da Foz as peixeiras contactadas pela reportagem da Lusa argumentam com a escassez de clientes «que compram menos peixe» e com os impostos e taxas a que estão sujeitas na compra em lota.

Confrontadas com a escalada de preços, apontam ainda os custos relativos à actividade de venda no mercado: «Paguei 700 euros de segurança social e a mim ninguém me subsidia. Não temos lucro para ganhar dinheiro, dá para sobreviver», disse uma das peixeiras que não quis ser identificada.

Sobre a greve dos pescadores, recusa que a paralisação seja da responsabilidade das tripulações das embarcações, antes «imposta» pelos armadores. «A greve não é dos pescadores, é dos patrões. Esses senhores têm subsídios para tudo, para o gasóleo e para pescarem. Quem devia fazer greve era eu», desabafa.

No sector ninguém assume responsabilidades pelo aumento do preço do peixe ao consumidor: se os pescadores criticam a «especulação» dos intermediários, frisando que «são os comerciantes de peixe que ganham dinheiro» e que o peixe na lota «é barato», estes remetem a culpa para os armadores «que inflacionam o preço de venda» e dizem-se «vítimas» da situação, afirmou José Paixão, presidente da Associação de Comerciantes de Pescado da Figueira da Foz.

Pescado inflacionado

O preço da sardinha não é o único que é inflacionado entre a lota e os pontos de venda, atingindo, com maior ou menor variação outras espécies, desde as mais caras (linguado e rodovalho) a outras mais acessíveis como o carapau e a faneca.

No leilão que decorreu na noite de quinta-feira, os comerciantes estão sentados numa bancada, frente-a-frente com as caixas de peixe que desfilam à sua frente, os olhos postos em dois monitores onde o preço - que depende da qualidade e tamanho do peixe - baixa conforme aumenta a procura.

O rodovalho, a 13,6 euros, será vendido no mercado, 12 horas depois, a 20 euros o quilo; o linguado chega a atingir um montante idêntico na banca, depois de sair da lota a preços entre os 10 e os 15 euros.

A faneca sai a 1,4 a 1,9 euros da lota e está no mercado a 4 euros, duas vezes mais, uma variação idêntica para o carapau, com preços médios de lota de 2,5 euros o quilo, vendido no mercado a um máximo de cinco euros.

Já um robalo de oito euros pode chegar aos 17 no mercado, enquanto a pescada, outro dos peixes mais apreciados que na lota custou uma média de três euros, chega ao mercado a seis, podendo atingir os 12 por quilo.
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