O presidente da Junta de Marvila, Belarmino Silva, lamenta não ter recursos humanos e financeiros para combater a pobreza e acusa os serviços centrais e a câmara de «ficarem sentados e fechados nos gabinetes», noticia a agência Lusa. O autarca reconhece ainda que uma faixa significativa da população da sua freguesia «não quer trabalhar».
Idosos e pessoas endividadas entre os mais pobres
Marvila - juntamente com o Castelo - são as duas freguesias apontadas no I Relatório do Observatório de Luta Contra a Pobreza na Cidade de Lisboa, divulgado esta terça-feira, como das mais vulneráveis à pobreza.
«Cerca de 30 por cento da população da freguesia é realmente pobre», revela Belarmino Silva, que critica os serviços centrais do Ministério da Segurança Social e a câmara de Lisboa «de não irem ao terreno para perceberem como as coisas funcionam».
O presidente da junta considerou, no entanto, que «pior do que a pobreza de dinheiro, é a do espírito», reconhecendo que uma faixa significativa da população da sua freguesia «não quer trabalhar».
«Recebem o rendimento mínimo e não querem fazer mais nada», denunciou.
De acordo com o relatório, Marvila é a freguesia com «maior número de alojamentos familiares pertencentes à autarquia», sendo mesmo a zona da capital com «mais áreas de realojamento social» e com mais população, sendo a segunda freguesia com alojamentos familiares superlotados.
O relatório revela ainda que, em 2001, Marvila registava a segunda maior taxa de desemprego em Lisboa, dez por cento, e apenas três por cento da população (1.209 pessoas) tinham como a única fonte de receita o subsídio de desemprego.
Vergonha de ser pobre
Na freguesia do Castelo começam a «surgir casos de pobreza encoberta, as pessoas têm vergonha de o dizer», ou de assumir a sua condição, revelou à Lusa o presidente local, Carlos Lima.
O autarca local explicou que «não existe pobreza extrema na freguesia do Castelo», quando convidado a comentar o relatório do Observatório de Luta Contra a Pobreza na Cidade de Lisboa, onde é mencionado o Castelo como sendo «vulnerável à pobreza».
O autarca local refere que a média de idades dos habitantes da freguesia, a que preside, é próxima dos 65 anos, quase 70 por cento da população está aposentada, mas «os valores mensais da reforma são baixos».
Solidão dos idosos
Mais do que a pobreza, «a solidão a que os idosos da freguesia estão sujeitos é a principal preocupação» para o presidente da junta, Carlos Lima.
O responsável local refere também que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem uma assistente social na freguesia, para acompanhar os idosos e outros casos de carácter social.
Carlos Lima refere que «mesmo que queira resolver mais situações, a freguesia do Castelo é parca em recursos financeiros», mesmo assim, afirma, paga «alguns medicamentos a idosos necessitados», explicou.
Pobres «não querem trabalhar»
- Portugal Diário
- 26 fev 2008, 15:06
Diz presidente da Junta de Marvila. Na Costa do Castelo há «pobreza enconberta»
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