Cunhado de Pidá e a testemunha desaparecida - TVI

Cunhado de Pidá e a testemunha desaparecida

Tribunal não consegue encontrar quem presenciou tentativa de homicídio

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O julgamento de José Fernando Silva, cunhado de Bruno «Pidá», acusado de homicídio qualificado na forma tentada, foi esta quarta-feira adiado devido à ausência de uma testemunha. Fábio Esperança, que na fase de inquérito garantiu ter visto «o Leitinho [nome pelo qual o arguido é conhecido] a disparar» sobre a vítima não foi localizado nem sequer notificado.

O arguido está acusado de disparar dois tiros que atingiram António Manuel Guedes da Silva no abdómen e nas costas, munido de um revólver de calibre 6,35, com intenção de matar. A vítima mantém até hoje uma bala alojada perto do coração.

Vítima e testemunhas com falta de memória

Apesar de ter havido confronto físico antes dos tiros, na primeira sessão do julgamento a vítima afirmou desconhecer o autor dos disparos, já que diz que no local se encontravam «cinco ou seis pessoas» armadas.

O juiz chegou mesmo a perguntar se António Manuel Silva tinha sido ameaçado. «Sente-se coagido? Alguém o ameaçou? Andaram à sua procura?», perguntou, mas a vítima respondeu que não.

Mas houve quem garantisse ao PortugalDiário que a vítima «foi ameaçada».

À PJ, o ofendido envolveu «Pidá» e reconheceu autor dos disparos. Em julgamento deu o dito por não dito e nem sequer conseguiu identificar o arguido. «Este senhor estava lá?», quis saber o magistrado, ao que a vítima respondeu: «Não sei. Eventualmente poderá ter estado». Logo de seguida afirmou que o homem com quem se envolveu à pancada, e que o baleou, «era mais baixinho e mais gordo». «Não me pergunte quem é que foi. Isso gostava eu de saber porque tenho uma bala alojada até hoje».

«Então o senhor sabe que esteve duas vezes ao soco com a mesma pessoa e não sabe se é o homem que está aqui?», questionava já irritado o juiz, perante a hesitação da vítima. «Disseram-me que foi o Nando que me deu o tiro».

Na segunda sessão, a mesma falta de memória assolou a testemunha Venâncio Almeida. Este canalizador negou que tivesse presenciado as agressões e o tiroteio, a 2 de Julho de 2004, junto à Torre 1 do Aleixo. Isto depois de na fase de inquérito ter afirmado à PJ que presenciou os disparos no abdómen e nas costas contra a vítima, conhecida como «Manel da Judite».

Durante a sessão, o jovem afirmou apenas que ouviu barulho, quando saía de casa, no 12º andar da Torre 1. «Ouvi berros. Quando cheguei cá abaixo, ouvi tiros e vi gente a fugir. Fui ter com o Manel que estava no chão. Ele estava a sangrar», referiu.

Questionado sobre se teria visto uma pessoa disparar contra a vítima, primeiro no abdómen e depois nas costas, a testemunha respondeu de forma categórica. «Não».

Na fase de inquérito, Venâncio Almeida referiu à PJ que da janela do 12º andar viu «dois indivíduos à porrada». Identificou um deles como sendo o «Manel» e, sobre o outro, apenas viu que estava vestido de ganga.

Na versão que apresentou aos inspectores da PJ, a testemunha referiu que viu um homem sacar de uma pistola, apontou-a ao «Manel» e disparou, acertando na zona abdominal e depois quando este fugiu, voltou a disparar duas vezes, atingindo-o com um tiro nas costas.

Venâncio não conseguiu identificar o primeiro homem e sobre o segundo referiu que tinha o cabelo curto e espetado, com argolas nas orelhas, entroncado e muito moreno. As pessoas no local disseram-lhe que seria o «Leite ou o Leitinho».

Em tribunal, o procurador questionou-o: Já alguma vez viu aquele senhor?, apontando para o arguido. «Não», respondeu.
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