Braga: agricultores «encostaram» tractores

Os agricultores do distrito de Braga que esta quinta-feira protestaram, em Braga, contra o Ministério da Agricultura decidiram, ao começo da tarde, desmobilizar a manifestação, devido à proibição de entrada de tractores na cidade, escreve Lusa.

O dirigente da Associação de Defesa dos Agricultores do Distrito de Braga (ADADB) José Manuel Lobato disse à Lusa que, com a decisão do Governo Civil de proibir a entrada na cidade, a maioria dos agricultores vindos de Barcelos, Famalicão e Guimarães, não conseguiu chegar ao local da concentração, na Praça do Município.

«Vamos mandar o nosso caderno reivindicativo pelo correio ao Governador Civil», afirmou, frisando que, se o primeiro-ministro não atender as principais reivindicações do sector, os agricultores voltarão à rua.

Na Praça do Município haviam-se concentrado apenas cerca de 100 agricultores, já que algumas centenas ficaram retidos nas estradas nacionais que foram barradas pela PSP e pela GNR.

Uma ronda feita pela Lusa junto das principais entradas de Braga permitiu concluir que havia longas filas de tractores parados nas estradas que ligam a Famalicão e a Barcelos, neste último caso, com dois quilómetros de extensão.

José Manuel Lobato adiantou que o caderno reivindicativo dos agricultores de Braga contém a exigência de um maior desconto fiscal na aquisição de gasóleo, de reposição do chamada «electricidade verde» e da criação de uma linha de crédito bonificado para os agricultores que não conseguem aceder à banca comercial.

A anteceder a concentração na Praça do Município, a que se seguiria uma marcha até ao Governo Civil onde seriam recebidos pelo Governador, Fernando Moniz, os agricultores tentaram furar o bloqueio da PSP junto ao estádio municipal mas sem êxito.

Para além de queixas sobre o «aumento dos custos de produção e descida dos preços de venda» que está a acontecer no sector, manifestavam-se desagradados com o facto de o Governo Civil nada ter feito para impedir os camionistas de circularem em marcha-lenta pela cidade e fazerem cortes de acesso ilegais, mas ter impedido os tractores de entrarem «pacificamente» na cidade.

Em comunicado, hoje emitido, o Governo Civil de Braga justificou a proibição de entrada de tractores com o caos que tal provocaria no trânsito.

Desmentiu, ainda, declarações feitas à comunicação social, pelo coordenador da manifestação, José Manuel Lobato, e por outros agricultores, segundo as quais, a GNR teria ido a casa de alguns, nos arredores de Braga, para os «intimidar», ameaçando-os com multas se levassem o tractor para a manifestação.

«São manifestamente falsas as acusações de que as forças de segurança terão intimidado os agricultores, no próprio dia e no dia anterior à manifestação», afirma o Gabiente de Fernando Moniz.

Para o representante do Governo no distrito, «estas falsas, irresponsáveis e caluniosas afirmações, só se justificam como evidente instrumento de tentativa de manipulação da opinião pública».

O Governador louva, ainda, «a intervenção das forças de segurança, GNR e PSP que com competência, serenidade e profissionalismo, garantiram o cumprimento da lei, a tranquilidade e ordem pública».