Ciganos: «Vamos para a câmara outra vez» - TVI

Ciganos: «Vamos para a câmara outra vez»

Pavilhão em São João da Talha

Comunidade cigana queixa-se de ter saído «à força» do jardim frente da câmara de Loures, contrariando as declarações da PSP

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«Vamos para a câmara outra vez. Se a polícia disse que saímos por nossa vontade, então por nossa vontade vamos voltar para lá», garante Paulo Jorge, 32 anos, um dos ciganos da Quinta da Fonte, em declarações ao PortugalDiário.

As famílias ciganas que se encontravam há mais de uma semana acampadas no jardim em frente à câmara de Loures foram retiradas ao fim da madrugada desta terça-feira, na sequência de uma operação policial «sem incidentes», segundo anunciou a PSP.

Ciganos: veja as fotos

Mas esta não é a opinião dos ciganos que ali se encontravam.

«A polícia disse que, se dentro de cinco minutos não puséssemos as coisas dentro dos carros, ia tudo para o lixo», conta Joaquim Araújo, 37 anos. «Só em Portugal é que um cão vale mais do que um cigano», lamenta-se.

As cerca de 50 famílias ciganas, que ali se encontravam por temerem represálias da comunidade africana num eventual regresso à Quinta da Fonte, queixam-se de terem sido escoltados pela polícia até às tendas provisórias que se encontram à entrada do bairro.

Os ciganos alegam que as autoridades, cuja intervenção teve a participação do Corpo de Intervenção da PSP - cerca de 35 elementos policiais no total - barraram as saídas, impedindo-os de sair dali. «Só nos deixaram sair depois da Comunicação Social chegar», refere José Fernandes.

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Não tardou que à entrada do bairro, o terreiro onde estão as cinco tendas provisórias preparadas para os alojar estivessem desertas, embora guardadas por sete polícias.



Manhã nómada

Obrigados a uma manhã nómada, os ciganos - cerca de três dezenas - juntaram-se de seguida na ponte de Frielas, a cerca de quatro quilómetros da Quinta da Fonte.

Com o sol da manhã a aquecer, por volta das 10h30, ainda tentaram montar ali alguns toldos, de forma a protegerem as crianças do calor. Foram impedidos por agentes policiais à paisana que ali se encontravam, tendo assim optado por se deslocarem cerca de cem metros, para um fontanário junto a um viaduto da A8.

A comunidade recusa-se a regressar ao bairro ou a utilizar as tendas provisórias instaladas à entrada da Quinta da Fonte porque teme pela sua segurança. As cerca de 50 famílias pedem outras tendas ou contentores longe do bairro problemático de Loures.

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