Lisboa: quem quer esta ponte? - TVI

Lisboa: quem quer esta ponte?

Ponte 25 de Abril

Nova travessia não tira carros da 25 de Abril e estraga «vista»

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A nova ponte sobre o rio Tejo não vai tirar trânsito na ponte 25 de Abril, se o Governo de José Sócrates avançar com uma Terceira Travessia rodoviária além de ferroviária. Esta foi uma das conclusões do debate organizado pela Sociedade de Geografia de Lisboa, esta quinta-feira, e que juntou vários especialistas da área de transportes.

A Terceira Travessia do Tejo (TTT) deve ser só ferroviária ou também rodoviária? Qual a melhor localização? Deve ser ponte ou túnel? O que ganha e perde Lisboa? Não há respostas consensuais a estas perguntas. Mas há alguns factos que merecem consenso entre os especialistas.

Nada muda na 25 de Abril

Nunes da Silva, professor do Instituto Superior Técnico, não defende localizações concretas, nem se a travessia deve ser feita por ponte ou túnel, mas garante que «não tuge nem muge» no trânsito da ponte 25 de Abril. Por isso mesmo, defende que «deve ser apenas ferroviária», podendo ser construída de modo a que no futuro, em caso de necessidade, seja também rodoviária.

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Para este especialista apenas a quarta travessia no Tejo, já prevista pelo Governo, que fica entre Algés/Trafaria «vai aliviar o tráfego na 25 de Abril». Mas esta localização como passagem rodoviária tem outros benefícios. «Há dúvidas que esta travessia esteja incluída na zona do estuário do Tejo onde a Lusoponte detém exclusividade de passagem automóvel», afirma ao PortugalDiário.

Ou seja, «uma travessia entre a 25 de Abril e a Vasco da Gama obriga a uma indemnização à Lusoponte e, aqui, isso não é tão claro. Mesmo que seja necessário chegar a acordo, a Lusoponte tem mais a ganhar com esta via», acrescenta.

«Só ferroviária não tem lógica»

Já Paulino Pereira, também professor do Instituto Superior Técnico, considera que fazer «uma travessia somente ferroviária não tem lógica» e assume que a localização Chelas/Barreiro é a sua escolha.

Miguel Viegas, que colaborou nos estudos da CIP sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, defende que a ligação Beato/Montijo é mais económica e eficaz. O professor considera que, inicialmente, deve ser apenas ferroviária.



Mas lembra ainda «o impacto visual» que a travessia terá se ligar Chelas/Barreiro. E o problema que pode significar para as actividades do Porto de Lisboa que, na sua opinião e estranhamente, «ainda não falou no assunto».

Segundo este especialista em transportes «há documentos oficiais da Administração do Porto de Lisboa», datados de 2005, «que exigem como valores mínimos, pontes com 900 metros de vão, para que os navios operem em segurança». Manuel Viegas questiona porque não dizem nada perante a proposta actual de uma ligação com 540 metros de vão.

«É o fim do porto de Lisboa»

A operacionalidade do Porto de Lisboa e o «impacto visual» da travessia foram questões abordadas por outros intervenientes. Alguns defenderam também que a travessia seja feita por túnel, mas reconheceram serem necessários mais estudos nesta área.

Nunes da Silva, Paulino Pereira, José Manuel Viegas, Arménio Matias, Diogo Pinto e António Brotas foram os convidados da Sociedade de Geografia de Lisboa para o debate, que contou com a presença de pessoas de diversas áreas como gestores, arquitectos ou economistas.
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