«Cancro não é morte. Eu estou viva!» - TVI

«Cancro não é morte. Eu estou viva!»

Marta venceu o cancro

O testemunho é da Marta Martins. Tem agora 16 anos. Mas o tumor apareceu quando ela tinha 12. Em Janeiro recebeu a tão ansiada notícia: está curada. Ela diz que correu pela vida. E venceu

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A Marta tem uns olhos lindos. Negros. Tem a garra de uma atleta. A força de vontade de quem está habituada a correr o mais possível e o mais que pode para cortar a meta em primeiro lugar. Sempre foi assim. Mas há quatro anos o mundo da Marta quase acabou. Um tumor nos gânglios linfáticos, conhecido como Doença de Hodgkin, abalou com tudo em que acreditava. Hoje, com 16 anos e muitas medalhas conquistadas para mostrar, é peremptória: «Quero dar o meu testemunho porque muita gente associa isto à morte e eu não estou morta. Estou viva! E sinto-me mesmo vitoriosa. Eu corri pela vida».

A mãe de Marta, Fátima Pacheco explica ao PortugalDiário que em Julho de 2004 o pescoço da filha começou a inchar. Pensaram que era a papeira e ainda gozaram com ela, mas a persistência do inchaço, ao final de três semanas, levou-as ao médico, que falou logo em ecografia e «numa picadela no pescoço». «Percebi logo que era uma biópsia e fiquei em pânico», conta Fátima.

Fez ecografia logo no dia seguinte e quando Fátima olhou para o ecrã do computador viu «tipo dois ovos de pato». O pânico voltou. A médica insistiu numa biópsia. Fátima ligou para uma amiga, enfermeira no Hospital de S. João, no Porto, e seguiram para o hospital. A médica que viu a Marta «disse que não era nada, devia ser uma virose e receitou-lhe um antibiótico¿ Ainda fez pior. Ficou mais inchado. Mas a médica insistiu, disse para irmos de férias e para a Marta tomar outro antibiótico. Não me aguentei, pedi a biópsia, mas ela não fez».

«Oncologia pediátrica???... só podia ser engano»

Fátima conseguiu que a Marta fosse vista por outra médica do S. João e esta era de oncologia, embora ela não soubesse. «Pôs-lhe a mão no pescoço e disse-me: «tenho de tirar um gânglio do pescoço da Marta e ela tem de fazer os tratamentos a seguir». Quando levaram a filha, Fátima leu «hospital de dia, oncologia pediátrica. Só podia ser engano. «Não, não me enganei», respondeu-lhe a enfermeira amiga.

«Já tinha pensado em tudo, sabe? Mas na hora da verdade, nunca assimilamos. Não tinha forças para nada, nem para caminhar, nada.»

Aqui a Marta quis falar: «Quando a médica me perguntou se queria ir para o IPO eu disse que não, que não tinha doença para isso. Percebi logo que tinha um tumor, mas não acreditava muito bem, achava que ainda havia esperança».

«só me perguntava o que tinha feito de mal»

Quando a Marta, a mãe e o pai chegaram a casa, foi cada um para um quarto chorar. Sozinhos. Para que nenhum outro sofresse mais. «Eu só me perguntava o que é que eu tinha feito de mal para me acontecer aquilo. Não queríamos mesmo acreditar. Ainda na semana anterior eu tinha participado numa prova de atletismo na Póvoa de Varzim e ficado em quarto lugar. E também não tinha sintomas. Não sentia nada, fazia tudo normal».

A mãe salta a recordação da dor, lágrimas nos olhos. «Depois foi o arregaçar das mangas», conta. «A Marta fez uma biópsia aos gânglios, tirou um, fez uma biópsia aos ossos, fez um mielograma e colocou um cateter no peito para receber os tratamentos».

Quando chegaram para fazer a biópsia a outra médica estava lá. «Mas não lhe guardo rancor, acho que errar é humano... Mas sabe o que ela me disse? «Só me acredito quando vier o resultado da biópsia». O resultado foi positivo.

Dentro do azar, a Marta teve sorte. «Felizmente, o tumor só estava no pescoço. Estava mesmo no início e cresceu para fora, por isso detectou-se logo. Senão podia ter afectado o fígado, o pâncreas, virilhas e axilas». Fátima nunca mais se esquece das palavras do médico: «Dou-lhe 80 a 90 por cento de cura...»

Leia aqui a continuação do testemunho da Marta
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